A Justiça determinou que o advogado Marlon Santana e sua mulher, a estudante de medicina Rubia Cunha Santana, que tiveram que se casar no escuro por falta de energia elétrica, sejam ressarcidos em R$ 24 mil por danos morais pela concessionária Elektro. O casal – que vai completar um ano de casado dia 20 de julho – fez diversos preparos para a cerimônia, mas um corte de energia deixou no escuro a Igreja Matriz de Macedônia, no interior de São Paulo.
A decisão do Juizado Especial Cível da Comarca de Fernandópolis (SP), ratificada em segunda instância, prevê o pagamento de R$ 12 mil para o advogado e outros R$ 12 mil para Rubia. “A gente passa um ano preparando tudo para que o casamento aconteça dentro do planejado e, quando chega o dia, a gente se depara com uma situação que nos deixa sem ter o que fazer e coloca tudo a perder”, diz Rubia. “O que ficou foi uma frustração maior por não ter ocorrido tudo como a gente planejou”, completou.
Por mais de duas horas e meia, noivos, convidados e toda a equipe de produção tiveram de esperar para que a cerimônia pudesse ser iniciada. “A gente ligava reiteradas vezes para a Elektro e ela nos informava que a energia seria restabelecida em 15, 20, 30 minutos, mas nada disso aconteceu”, lembra Marlon. “Minha preocupação era com os convidados, entre eles, crianças e idosos, que estavam esperando os noivos dentro da igreja”, diz Rubia.
Depois de muitas promessas de religação não atendidas, os noivos cansaram de esperar e decidiram se casar no escuro. “Fomos incentivados por nossos amigos, que colocaram seus carros de frente para a entrada da igreja e acenderam os faróis, levando luz para dentro”, conta o casal. Além disso, as luzes das baterias das equipes de filmagens e lanternas de celulares serviram para que padrinhos e noivos pudessem ver e assinar o livro de proclamas.
No entanto, com a falta de energia, muitas coisas programadas para a festa não puderam ser realizadas. “Minha noiva, que é corista da igreja, faria uma surpresa para mim, cantando junto com um grupo musical, mas isso não pôde ser feito”, lembra Marlon. “Tivemos de dispensar os músicos e os instrumentos elétricos, e ela só pôde cantar um solo acompanhada de violão apenas”, completou.
Para Marlon, a preocupação com a falta de energia e a possibilidade de o casamento não ocorrer tirou a emoção da festa. “Toda a nossa adrenalina, que deveria ocorrer com a emoção do casamento, acabou direcionada para a falta de energia, pois não sabíamos se o casamento aconteceria ou não”, diz. “Nossa emoção com o casamento acabou esvaziada, porque a gente tinha que desviar a atenção para outro problema e para a ansiedade de que a qualquer momento a energia voltaria”, lembra. “Eu trocaria qualquer indenização, milionária que fosse, por energia elétrica no dia do meu casamento. Mas o tempo não volta”, completa.
Após o casamento, Marlon pediu explicações para a Elektro, mas com o descaso apresentado pela concessionária, que sequer explicou a causa da queda de energia, decidiu entrar com ação de indenização na Justiça. “Se a gente soubesse que o corte tivesse uma causa de acidente, uma causa nobre, tivesse sido provocado por terceiros, é lógico que a gente não entraria com a ação, mas a empresa não se manifestou e deixou transparecer que foi uma falha dela mesmo”, explicou o advogado Aparecido Carlos Santana, pai de Marlon, que ajuizou a ação para o filho.
“O importante nesta ação é seu efeito pedagógico, pois vai ajudar as pessoas que são submetidas a situações vexatórias por grande companhias”, disse Aparecido. Segundo ele, a ação foi julgada em primeira instância com a determinação de pagamento da indenização de R$ 12 mil para Marlon e R$ 12 mil para Rubia, e confirmada na última terça-feira pelo colégio recursal. Se houver recurso deve ser extraordinário ao Supremo Tribunal Federal (STF). A Elektro disse apenas que está analisando a decisão.
Portal Terra