Mais uma vez, um novo ano começa e a nossa lista de propósitos para 2016 vai tomando forma. Para aqueles que têm em mente perder peso ou, pelo menos, continuar conservando a forma atual, aqui vão nove avanços científicos recentes que conseguiram —ou conseguirão, em breve, depois das comprovações pertinentes— dar um passo a mais nessa luta que é cada vez mais global. O sobrepeso afeta já 1,3 bilhão de adultos e 42 milhões de crianças com menos de cinco anos, segundo informa a ONU. Não é brincadeira.
1. O queijo está no alvo dos alimentos emagrecedores
Até o momento foi um teste em pequena escala, mas é uma notícia que os amantes de queijo vão gostar. Um estudo realizado conjuntamente por pesquisadores das universidades dinamarquesas de Aarhus e Copenhague comparou a amostra de urina e fezes de vários homens consumidores habituais de leite, manteiga e queijo. Descobriu-se que os que comiam mais queijo tinham desenvolvido um tipo de bactérias notavelmente diferente em seu intestino, produtoras de um ácido graxo chamado butirato que favorece um melhor funcionamento do metabolismo, mantém o equilíbrio da gordura corporal e previne o desenvolvimento da obesidade. No entanto, antes de nos jogarmos de cabeça em uma tábua de queijos… temos de esperar que os resultados sejam referendados. Pode ser que o enigma de por que os franceses, que se entopem de queijo e vinho, se mantenham, em geral, muito magros esteja a ponto de ser desvendado.
2. A pílula que sacia
De certa forma, a invenção tenta enganar o corpo fazendo-o pensar que recebeu uma quantidade enorme de comida calórica para que este se ponha a queimar a suposta ingestão de gorduras. Essa é a ideia primordial do último avanço para acabar com a obesidade, a pílula de “comida imaginária”, fruto de uma pesquisa orientada pelo professor e biólogo Ronald Evans, diretor do Laboratório de Expressão Genética de Salk, na Califórnia, EUA. A pílula em questão, constituída por um composto chamado fexaramina, envia ao corpo os mesmos sinais que normalmente ocorrem depois de ingerir uma grande quantidade de alimentos. Uma de suas vantagens é que só é absorvida pelo intestino —não passa pela corrente sanguínea, evitando danos colaterais— e poderia reduzir também o nível de colesterol “ruim” e de açúcar no sangue. Ainda está em fase de pesquisa.
3. A bactéria que suprime o apetite
Os cientistas já sabem que há diferentes tipos de bactérias intestinais que desempenham um papel crucial na decomposição dos alimentos, na produção de algumas vitaminas e em manter sob controle toda uma série de micróbios daninhos. Agora, uma pesquisa orientada pelo professor de farmacologia Sean Davies, da Universidade de Vanderbilt, nos EUA, desenhou uma bactéria intestinal capaz de agir como supressora do apetite. A bactéria libera um lipídio que gera a sensação de saciedade e obteve um grande êxito nos estudos experimentais. Começa agora seu caminho nos estudos com humanos.
4. É mais efetivo reduzir carboidratos do que gorduras
Reduzir os carboidratos é melhor para perder peso do que a eliminação das gorduras. Essa é a conclusão dos pesquisadores da Harvard Medical School depois de analisar os resultados de 53 estudos diferentes dos quais participaram cerca de 68.000 pessoas. Ainda que desde a década de setenta a baixa ingestão de gordura seja considerada a melhor forma de perder peso, agora, segundo resultados publicados na revista The Lancet, considera-se mais eficaz concentrar-se em uma dieta com baixa dose de carboidratos. “É mais fácil reduzir as massas, batatas e o arroz do que diminuir a ingestão de gorduras”, afirmam os pesquisadores. De qualquer maneira, o equilíbrio (dietas hipocalóricas equilibradas) continua sendo a fórmula vencedora.
5. Não só o “quanto” mas também o “quando” importa
O doutor Satchidananda Panda, do Instituto Salk para Estudos Biológicos, conclui que é crucial para a perda de peso quando comemos e durante quantas horas por dia ingerimos nossa comida. Panda afirma que a obesidade vai custar muito dinheiro à saúde pública e que, talvez, mudando um pouco nosso estilo de vida, teríamos uma vida saudável durante muito mais tempo. Não é só o que comemos mas quando comemos, afirma. O pesquisador e sua equipe comprovaram em ratos que quando eles comem diversas vezes ao longo de apenas 8 ou 9 horas do dia e não mais, não desenvolvem obesidade nem diabetes. A efetividade do sistema em humanos ainda não foi comprovada, mas tudo indica que vai funcionar e que será uma contribuição eficaz para reduzir este enorme problema global.
6. Ser feliz ajuda a reduzir o peso
Estamos cansados de ver nos filmes (sobretudo os norte-americanos) as pessoas que têm um mau dia ou sofreram uma decepção se encherem de sorvete em potes king size na frente da televisão. Não sabemos se foi isso que inspirou o estudo da psicóloga australiana Sharon Roberts da Universidade de Adelaide. Mas em sua tese ela evidenciou que ser feliz é de grande ajuda na questão do peso. “As técnicas da psicologia positiva promovem pensamentos e sentimentos positivos, e este efeito de se sentir bem pode levar a um aumento da motivação… que por sua vez pode promover um comportamento que leve a uma perda de peso”, afirma. Certamente, muitas pessoas, em sua luta por emagrecer, acabam perdendo, em vez dos quilos sobressalentes, o bom humor e até a motivação. “Se primeiro trabalhamos o bem-estar dessas pessoas, o restante acaba sendo muito mais fácil.” Também um estado de equilíbrio emocional e de bem-estar pessoal ajuda a não cair nos excessos gastronômicos ou de qualquer outro tipo.
7. Um inibidor enzimático à vista
No Centro Nacional de Pesquisas Científicas Oncológicas (CNIO), de Madri, está sendo testado, até o momento em animais, um comprimido que promove uma perda de peso corporal sem alterar nenhum outro processo metabólico (coisa que costuma acontecer com outros medicamentos), segundo se publicou na revista especializada Cell Metabolism. A descoberta foi feita durante o estudo de certos supressores tumorais que protegem contra o câncer. Foi nesse processo que os pesquisadores viram que um supressor denominado PTEN, além de proteger contra novos tumores, inibia a enzima denominada P13K, que faz emagrecer. A regulação desta enzima, como já se provou em animais, consegue uma redução de até 20% do peso nos primeiros 50 dias sem que se reduzam a massa muscular ou óssea. Um aspecto muito positivo deste inibidor enzimático é que só emagrece as pessoas superalimentadas, não tem nenhum efeito colateral e funciona em longo prazo.
8. Para os vegetarianos é mais fácil
Você pratica os veganismo ou o vegetarianismo? Se sim e você quer perder um pouco de peso, está com sorte. Ainda que alguns optem por se alimentar apenas de proteína animal para emagrecer, agora um estudo publicado no Journal of General Internal Medicine aponta o contrário: os veganos e vegetarianos se dão melhor quando se trata de perder de peso. O estudo, realizado por Ru-Yi Huang, do Hospital E-Da de Taiwan, afirma que uma pessoa vegana ou vegetariana que se submeta a um programa para perder peso conseguirá com mais facilidade que outra cuja ingestão de produtos animais seja mais alta. Uma dieta vegana ou vegetariana é mais efetiva: comer de forma abundante cereais integrais, frutas e verduras colabora para a obtenção de resultados favoráveis.
9. É preciso beber água entre as refeições
É o que afirma um grupo de pesquisadores da Universidade de Birmingham, no Reino Unido. O que eles propõem, concretamente, é a ingestão de meio litro de água meia hora antes de comer, porque mata a sensação de “fome desesperada” e ajuda a controlar de forma razoável o tamanho das porções. Foi o que puderam comprovar depois de monitorar um grupo de adultos com obesidade ao longo de 12 semanas. Parte deles, entre outros conselhos sobre como levar uma vida mais saudável, recebeu a orientação de encher estômago com esses 500 ml de água e realmente funcionou. Perderam 1,5 quilo a mais do que o restante do grupo. Não é muito, mas para uma pessoa que luta para emagrecer pode ser de grande ajuda.