O ministro da Infraestrutura e pré-candidato ao governo do estado de São Paulo, Tarcísio de Freitas, disse nesta quarta-feira (23) em entrevista coletiva após reunião com os empresários do Lide do Noroeste Paulista que está negociando com a concessionária Transbrasiliana a duplicação dos 110 quilômetros da BR 153 que ela administra no território paulista.
O contrato inicial não prevê as obras. Com o passar dos anos, as necessidades foram aparecendo e a região e o país vivem outro momento em que a questão tem que ser resolvida, admite. Com isso, a BR deverá ser toda duplicada no trecho paulista.
Nesta quinta-feira (24) o ministro participa da inauguração do trecho urbano da BR que corta Rio Preto. Ele admitiu que esse trecho foi orçamento inicialmente em R$ 140 milhões e que ela custou ao final três vezes mais. “Obra barata é obra rápida”, disse. Ele lamentou que os aumentos dos insumos durante a lenta duplicação levaram à várias recomposições de preços nos aniversários (prorrogações) do contrato.
Em que pese toda a festa e expectativa em torno da BR, Tarcísio lembrou que a maior obra de infraestrutura que Rio Preto e região vai receber é o contorno ferroviário entre Mirassol e Cedral, com investimentos previstos na ordem de meio bilhão de reais. O contorno ferroviário faz parte de uma intervenção do governo federal em toda a malha ferroviária paulista para baratear fretes.
Para a realização de projetos desse porte o ministro disse que é necessário a participação da iniciativa privada. Afirmou que no passado recente houve um descontrole fiscal e o governo não tem capacidade de fazer os investimentos. O contorno ferroviário de Rio Preto é bancado pela empresa de logística, Rumo. Os esforços do governo, segundo ele, estão diminuindo a relação entre a dívida do país e seu Produto Interno Bruto (PIB) e que isso possibilita um espaço fiscal para maiores investimentos.
Para dar um exemplo do esforço para a atração dos investimentos da iniciativa privada, lembrou que o governo federal realizou 80 leilões para transferir equipamentos públicos, com R$ 100 bilhões em obras contratadas, e que existem outros R$ 240 bilhões em concessões em ferrovias. Existe ainda outros 125 leilões em andamento e R$ 820 bilhões em investimentos contratados do governo federal em outras de infraestrutura. Entre as concessões, lembrou da desestatização dos portos de São Sebastião e de Santos. “Vai diminuir os custos (fretes) do agronegócio”.
Tarcísio de Freitas disse que nesta quinta-feira vai estar ao lado do presidente Jair Bolsonaro (PL) na inauguração do trecho urbano da BR e lembrou que o atual governo não descontinuou nenhuma obra iniciada em governos anteriores. Ao ser questionado se vai usar a inauguração da BR para dar impulso à sua candidatura ao governo estadual, ele negou. Disse ainda que nem o presidente da República vai usar o momento para fortalecer seu projeto para a tentativa de reeleição.
Edinho Araújo no encontro
Quando perguntado se o ato de hoje é de campanha eleitoral, o prefeito Edinho Araújo (MDB) se esquivou da resposta e disse que no momento não existem candidaturas oficiais e, portanto, não estamos em período eleitoral. Edinho tem dado demonstração de estar com o pré-candidato do PSDB, governador João Dória e, para o governo do estado, com Rodrigo Garcia, do mesmo partido. Disse ver o ato de hoje como o encerramento de uma longa jornada para duplicar o trecho urbano da estrada, dar mais segurança aos usuários, e lembrou que quando foi deputado federal destinou emendas na ordem de R$ 100 milhões para a conclusão da obra.
Em Rio Preto, além da inauguração da estrada, o presidente Jair Bolsonaro pode participar de uma motociata que está sendo organizada por seus correligionários e apoiadores. Tarcísio não soube dizer se o presidente vai participar, mas lembrou que “para ele montar numa moto e sair por aí não é impossível” e emendou dizendo que “quem sabe eu não vou na garupa?”
Candidatura
Tarcísio admitiu que conversa com partidos políticos da de apoio do presidente para definir sua filiação partidária, mas que o mais provável é que ele se filie no mesmo partido do presidente Jair Bolsonaro, o PL. Revelou que resistia à ideia, mas que o presidente é muito convincente. Negou que esteja mal nas pesquisas, citando o último levantamento feito pela XP, onde aparece com números próximos a 15% de intenções de voto. A pesquisa é contestada pelo partido Novo, na qual o seu pré-candidato não foi colocado entre aqueles que o eleitor podia escolher. A agremiação chegou a dizer que as intenções de votos do Novo acabaram com Tarcísio.
O ministro disse que vai apresentar um programa diferente para o desenvolvimento o estado e que São Paulo é a locomotiva do país. Existe imenso espaço para desenvolvimento, principalmente na questão do transporte e investimentos na malha ferroviária, suporte do agronegócio brasileiro. Ele disse que seu portfólio de realizações e inaugurações lhe dá credibilidade para entrar nessa briga. E, ao final, admitiu que o estado de São Paulo é “bem ajustado” e evitou o termo “bem administrado”