A estreia do Corinthians na Copa do Brasil, nesta quinta-feira, às 21 horas, propõe uma charada geográfica ao torcedor.
O adversário e mandante da partida é o Ferroviário, mas o jogo será realizado em Londrina, no norte do Paraná, distante 3.200 quilômetros da capital cearense. Qual o motivo da mudança?
“Nós vendemos o mando do campo, pois precisamos de receita. Não temos os mesmos rendimentos dos times do eixo Sul/ Sudeste. Gostaríamos de jogar diante do nosso torcedor, mas temos uma gestão financeira responsável e temos de pensar nas receitas do ano todo”, diz o vice-presidente do Ferroviário, Newton Filho.
A grosso modo, o time abriu mão da principal vantagem esportiva dos mandantes da primeira fase da Copa do Brasil – a presença da torcida – em nome de uma cota maior longe de seu estádio. O raciocínio dos dirigentes cearenses é simples. No Ceará, o estádio receberia cerca de 30 mil pagantes. No Nordeste, o tíquete médio é de R$ 20.
Por esse raciocínio, a renda seria em torno de R$ 600 mil. Considerando-se todas as deduções e a divisão da renda com o Corinthians, o Ferroviário ficaria com cerca de R$ 200 mil. Para jogar no Paraná, o time recebeu R$ 450 mil livres, mais todas as despesas pagas com transporte, alimentação e hospedagem.
A empresa Roni7 Eventos, do ex-atacante Roni, foi responsável pela negociação. A renda será dividida entre a empresa e o time de São Paulo. O preço dos ingressos varia entre R$ 60 e R$ 176. São esperados 30 mil pessoas no Estádio do Café.
A mudança do mando de campo é polêmica. Os torcedores protestaram obviamente, pois não terão a chance – única – de acompanhar a partida com o Corinthians. Por outro lado, o clube poderia ter a façanha de eliminar o campeão paulista e conquistar uma premiação gorda. Se passar pela primeira fase na Copa do Brasil, um time do porte do Ferroviário pode receber R$ 600 mil, de acordo com divisão proposta pela CBF. “Nossa prioridade é a disputa da Série C”, desconversa o dirigente.
O Ferroviário é um dos três grandes clubes do Estado, ao lado de Ceará e Fortaleza. Em 2015, o time foi rebaixado para a segunda divisão estadual pela primeira vez em sua história. Desde então, a diretoria aposta em uma política de responsabilidade financeira, sem grandes gastos, para evitar novos fiascos. A folha salarial é de R$ 300 mil. As cotas estaduais de tevê giram em torno de R$ 200 mil.
LOVE ESTREIA – O técnico Fabio Carille confirmou a estreia de Vagner Love nesta quinta, no Paraná. Ele fará dupla com Gustavo, o Gustagol – Boselli será opção no banco de reservas. Vagner Love será escalado no lugar do meia Mateus Vital – essa será a única mudança em relação à equipe que venceu o clássico diante do Palmeiras, no Allianz Parque, por 1 a 0, no sábado. A proposta é ter Love como um elo entre o setor de criação e o centroavante. Funciona como um “falso 10”, como o jogador definiu.
“É um 4-3-3. O Sornoza e Ramiro jogaram praticamente na linha do Ralf. O esquema seria 4-1-4-1 se os jogadores de dentro atuassem mais avançados, como Elias e Renato Augusto em 2015”, explicou o treinador.