Com um suspiro de alívio. Foi assim que a cúpula da CBF viveu a classificação do Brasil para a próxima fase da Copa do Mundo, consumada com vitória por 2 a 0 sobre a Sérvia, em Moscou, depois de Argentina ter se classificado às oitavas de final sob grande tensão e a Alemanha dado adeus ao Mundial com um grande vexame ao ser derrotada pela Coreia do Sul.
Internamente, era considerado que uma saída precoce do Brasil da Copa do Mundo derrubaria o muro que blindava a cúpula da CBF e abriria uma crise que poderia levar a uma situação inédita dentro da entidade que comanda o futebol brasileiro.
Para opositores, uma eliminação poderia finalmente permitir uma mudança na gestão da entidade, depois que seus três últimos presidentes foram indiciados e, ainda assim, o grupo no poder se manteve intacto. A queda no Mundial ainda frustraria os planos dos dirigentes de promover uma transição suave de poder para que o grupo que está no poder continue dando as cartas.
A turbulência vivida pela CBF teve início em 2015, com a prisão de José Maria Marin. Marco Polo Del Nero deixou de viajar por estar indiciado e, em 2017, foi banido pela Fifa. Mas o cartola teve tempo de organizar sua sucessão e contou com os bons resultados do time de Tite nas Eliminatórias da Copa para frear a pressão.
Assim, assumiu o cargo de forma interina o coronel Antônio Nunes, colocado no cargo de vice-presidente dias antes para poder cumprir a função de interino. Del Nero também organizou uma eleição com um único candidato, seu aliado Rogério Cabloco, que assumirá a presidência em abril de 2019.
Mas, mesmo internamente, o plano apenas era viável se a seleção tivesse um bom desempenho na Copa, abafando o processo eleitoral questionável da CBF.
Antes mesmo de começar o jogo contra a Sérvia, na manhã desta quarta-feira, o sentimento era de tensão entre os dirigentes brasileiros, que já temiam a repetição do empate contra a Suíça ou o sofrimento contra a Costa Rica. “Estamos com medo”, admitiu um dos vice-presidentes da CBF. Rogério Cabloco, presidente eleito, também não disfarçava seu nervosismo, enquanto o presidente atual, coronel Antônio Nunes, apertava o passo para não ter de falar sobre a seleção.