Flagrantes de assaltos mostram pessoas sendo atacadas por grupos ou por criminosos armados, que agem sem serem incomodados, em horário de grande movimento nas ruas do Centro do Rio.
Um vídeo mostra que em um bote de menos de um minuto na Rua Buenos Aires, no Centro, bandidos jogam um idoso no chão. Sem chance de defesa, a vítima leva chutes e socos de seis ladrões. A cena foi vista por quem passava na rua no momento. Após o ataque, os criminosos saíram andando normalmente pela rua.
“Só senti uma pessoa me pegar aqui. Tentei reagir e veio três, quatro pessoas, mas não senti mais nada. Vou para o meu escritório me acalmar um pouco”, disse a vítima após ser assaltada.
Quem circula pela região afirma que crimes deste tipo estão mais frequentes.
“Eu sou a prova viva do que acontece diariamente. A gente vê muito idoso sendo empurrado arrancado, [com os criminosos] tirando o celular, umas coisas meio complicadas”, disse a empresária Márcia Marinho.
Arma
Um dos flagrantes feitos no Centro mostra um homem de camisa azul e calça preta. Ele pede uma água no balcão de um bar e paga. Depois, observa o movimento e sai. Meia hora depois ele retorna armado com um comparsa, que usa um chapéu branco.
Eles, então, abordam um grupo de amigos na frente do local. Os dois revistam um homem de paletó, que demora a entender o que está acontecendo. Eles tentam puxar o cordão que ele usa, mas o colar não sai.
Então, o homem de camisa azul usa as duas mãos e faz mais força para arrancar o cordão. O comparsa arranca o relógio da vítima.
Uma moto para em frente ao bar. A vítima tira o colar pela cabeça. E os bandidos fogem.
A vítima, que não quis ser identificada, contou que sempre toma cuidado pela região. E que aquele foi um dos únicos dias em que saiu com o cordão.
“Eu não tenho dúvida nenhuma de que o indivíduo já estava me observando. Mas, por ter acontecido às 19h30, em um horário de fluxo, de pico, a gente não espera que um cidadão desse faça isso. Estava muito cheio, foi muito esquisito e desagradável”, contou a vítima.
De acordo com a Polícia Civil, um dos autores do assalto, um adolescente, foi identificado. A busca e apreensão dele será pedida à Justiça, também segundo a corporação.
O empresário disse que, ao desabafar com algumas pessoas sobre o episódio de violência, descobriu que dias antes o mesmo homem levou objetos de ouro e atirou contra uma pessoa em uma garagem na Rua Buenos Aires.
Imagens do crime mostram que um homem, que veste uma blusa preta, chega para buscar o carro. O assaltante caminha atrás dele e o aborda. Ele aponta a arma e começa a procurar por joias e relógio.
A vítima reage, o assaltante atira e os dois saem da garagem. O bandido sai correndo, sobe na moto do comparsa e foge.
“É a mesma pessoa, o mesmo indivíduo. Eu vi as câmeras, tudo. É complicado. É pedir a Deus, pois temos que trabalhar, não tem jeito. E que façam a segurança. Melhorem um pouco pois cada dia mais está piorando”, disse a outra vítima.
Ouro
Quem circula pelas ruas do Centro do Rio afirma que os assaltantes procuram, principalmente, por ouro.
“Se botar bijuteria, eles sabem. Se botar ouro, eles sabem. Não me pergunte como, mas sabem. Eu já andei com bijuteria, eles sabem. Eles conhecem”, disse a esteticista Anita Freysleben.
Quem trabalha na área conta que o problema vem se agravando.
“O Centro é um polo de referência comercial e ele está decadente, infelizmente. E coitados dos comerciantes. O que fazer? Eles pagam impostos que são altos. Não se abaixou os impostos, os impostos continuam altos”, destacou a psicóloga e psicanalista Cristina Frazão.
A Polícia Militar afirmou que não foi chamada para as ocorrências mostradas na reportagem e que equipes fazem abordagens na área da Rua Buenos Aires. E que a segurança foi reforçada na região. De acordo com o comando do 5º BPM (Centro), o número de crimes tem diminuído depois que estratégias de policiamento foram tomadas.