“Ele era lindo, era a minha metade, o meu caçula a quem eu sempre protegi. Não sei como vamos seguir sem ele”. As palavras cheias de emoção e saudade são de Emille Fiuza, 32, irmã de Hiago Fiuza Maia, assassinado aos 26 anos em um crime bárbaro que chocou São José do Rio Preto, a 440 quilômetros de São Paulo.
Na última quarta-feira (27), Hiago foi assassinado enquanto dormia no quarto da casa em que ele morava com a mãe, no Jardim Maria Lúcia, região norte da cidade. O homem apontado como autor do crime é o padrasto dele, José Ediberto Timóteo da Silva, de 55 anos. Ele estava na família há 22 anos e tem passagem na polícia por roubo. Segundo Emille, o suspeito não aceitava se separar e já havia agredido a mãe dela.
José Ediberto entrou na vida da família um ano após Hiago e Emille perderem o pai em um acidente de carro.
“Ele viu a gente crescer. O Hiago tinha apenas dois anos quando o nosso pai morreu e sofreu muito com essa perda, ele sentiu muita falta. Esse homem presenciou todo o sofrimento do Hiago e da minha mãe durante o luto”, contou Emille ao sbtinterior.com.
Ainda perplexa com a morte trágica do irmão, Emille descreve Hiago como “um menino com o coração que não cabia no peito”. O jovem era diagnosticado com esquizofrenia, mas nem sempre seguia o tratamento à risca.
“Quando ele não fazia o tratamento direito, ele ingeria bebidas alcoólicas e, às vezes, tinha surtos. Isso gerava muita discussão e briga entre os dois. Independentemente disso, ele era um menino amoroso, muito do bem. Todos amavam ele e sabiam dos problemas que ele tinha”, desabafa.
“Ele era lindo! ”, conta a irmã, que mesmo dilacerada pela situação traumática, conseguiu brincar ao se referir às manias do irmão. “Vou sentir saudades das pirraças dele”.
Hiago realmente era lindo. Suas fotos nas redes sociais mostram um rapaz “good vibes”, como os jovens se referem às pessoas serenas, que transmitem boas vibrações. Se vestia bem, com correntes, piercings, alargadores e tatuagens. No rosto, um olhar difícil de esquecer.
“Ele tinha o meu nome e o da minha mãe tatuados no peito. Ele era amoroso e estava em seu primeiro relacionamento sério. Eles estavam fazendo planos para o futuro”, lamenta.
Crime bárbaro
O crime aconteceu por volta das 15h30. Segundo informações de uma testemunha ouvida pela reportagem do SBT Interior, o suspeito saiu de casa com um galão vazio e retornou com o acessório cheio de combustível. Ao questionar o homem sobre o que ele faria com o material, o criminoso teria respondido que “iria fazer uma fita”.
A testemunha continuou observando e questionou novamente sobre o que ele estava fazendo com o combustível, mas teria sido impedida de entrar na casa. Minutos depois, o homem saiu do imóvel. As chamas e muita fumaça começaram a se espalhar rapidamente, saindo por um dos quartos.
Os vizinhos se mobilizaram para apagar o fogo, mas não conseguiram. O Corpo de Bombeiros conteve as chamas, mas Hiago Fiuza Maia não resistiu. O corpo dele foi encontrado totalmente carbonizado entre os escombros.
Ainda de acordo com a reportagem do SBT Interior, os Bombeiros informaram que há indícios de que o rapaz tentou abrir janelas e portas, mas não conseguiu porque estavam trancados.
Testemunhas informaram que a relação entre padrasto e enteado era conturbada e marcada por brigas.
Após o crime, o homem fugiu. O corpo de Hiago foi encaminhado para o Instituto Médico Legal (IML). O 4º Distrito Policial investiga o caso.
A família ainda não divulgou informações sobre o velório e o enterro do corpo dele.