Como 2022 começou bem antes de 2020 acabar no calendário eleitoral, é ingenuidade pensar em trégua, ainda que breve, na guerra política. Daí a “desafio” de prefeitos que saíram vencedores das urnas no domingo (15), como o de Rio Preto, Edinho Araújo (MDB), em conseguir se equilibrar entre os governos estadual e federal daqui para frente, com João Doria (PSDB) e Jair Bolsonaro (sem partido) já mandando bala de suas respectivas trincheiras.
Apesar do alinhamento com o governador tucano, que, inclusive, empurrou o PSDB para o seu palanque, Edinho acredita que o verdadeiro balaio de siglas que deu sustentação à sua candidatura – 12 no total – é um trunfo no sentido de garantir acesso junto às duas esperas de poder. “Tenho apoio de todos os deputados estaduais e federais da região”, disse ele em entrevista exclusiva ao DLNews nesta segunda (16).
A lista à qual o prefeito se refere conta, na Câmara dos Deputados, em Brasília, com Fausto Pinato (PP), de Fernandópolis, Luís Carlos Motta (PL), com domicílio eleitoral em Rio Preto, e Geninho Zuliani (DEM), de Olímpia. Neste caso, os dois primeiros, integrantes de partidos do chamado novo Centrão, próximo a Bolsonaro, são emissários mais promissores. Geninho está longe de ser um opositor ao governo federal, mas seu partido ainda inspira alguns receios no clã presidencial.
Além dos três, Edinho também aposta no companheiro de partido, o presidente do MDB nacional e deputado federal por Ribeirão Preto, Baleia Rossi, que vem tentando uma aproximação com o presidente da Respública, na interlocução com Brasília.
Enquanto isso, na Assembleia Legislativa, ele se considera bem amparado pelo tucano Carlão Pignatari (PSDB) e pelo também colega de partido Itamar Borges (MDB). Este último, inclusive, praticamente amanheceu na prefeitura no dia seguinte à eleição para cumprimentar o colega de partido. O parlamentar emedebista mudou-se neste ano para Rio Preto, de olhos bem abertos no espólio eleitoral do correligionário daqui a quatro anos. Mas também pensando na reeleição em 2022, uma vez que sua base eleitoral em Santa Fé do Sul começava a ficar pequena e congestionada. Segundo o prefeito, “quem não foi pessoalmente, ligou para se colocar à disposição das demandas da cidade”.
Mas o papel destes dois é mais simbólico mesmo, porque Edinho tem interlocução direta a Doria e com o vice-governador, Rodrigo Garcia (DEM). O primeiro foi deixado, estrategicamente, fora da campanha do emedebista, que não quis vender imagem de antagonista a Bolsonaro, dando mais munição aos adversários ligados ao bolsonarismo.
Já aparição de Rodrigo no programa de televisão foi relâmpago. Os deputados figurões também apareceram um único dia. Mas, agora, passada a guerra pelas urnas, a relação torna-se mais explícita. O prefeito garante que, por enquanto, pretende se manter focado nos interesses da cidade.