Crescemos ouvindo estórias de príncipes e princesas como a Bela Adormecida, Cinderela, Branca de Neve, onde por meio de um beijo apaixonado se unem pelo amor e “vivem felizes para sempre”.
A maioria dos casais, hoje em nossa sociedade, que se casa apaixonado espera que a profecia do “viveram felizes para sempre” se cumpra também em suas vidas. Mas será que isso é possível?Muitas pessoas acreditam no “Mito do amor romântico”, ou seja, vivem na expectativa de que encontrarão o par perfeito e que este irá satisfazer a todos os seus desejos e necessidades.
O fato é que independentemente da época, sociedade ou classe econômica, encontrar um parceiro amoroso, vivenciar a experiência do enamoramento e os custos e benefícios do amor, se apresenta e, sempre se apresentará, como desejo universal de homens e mulheres.
O ser humano possui o desejo e a necessidade de estar próximo, de se apegar e de unir-se definitivamente a alguém, e isso parece ser a grande ânsia do Homem. Um relacionamento pode ser definido, a partir do momento em que alguém se relaciona amorosamente com outra pessoa, podendo ser parceiro, companheiro, noivo, amante, cônjuge.
Essa relação também pode ser entendida como um contrato, ou seja, implica em um compromisso que pode ser o de permanecer fiéis, ao menos por um tempo, de viver uma história, um processo amoroso.
Do ponto de vista da relação é importante que o compromisso seja cumprido e de tempos em tempos revisto para que haja satisfação dos envolvidos.
Uma dica valiosa para o casal é considerar o que cada um traz em sua bagagem individual. Os sonhos, desejos, metas e muito especialmente a história de vida de cada um, o que determinará, de certa forma, a possibilidade ou não de essa união realmente se efetivar.
Nesse sentido, quanto antes o casal consegue ficar livre da ideologia do casal perfeito, dos estigmas e preconceitos que cercam a vida do casal, mais cedo poderá trabalhar sua intimidade e realmente se constituir uma nova família.
A vida nos ensina que a origem das frustrações se encontra na inadequação entre o que se sonha e o que de fato acontece. As pessoas são incentivadas a sonhar alto e não há nenhum erro em tudo isso. O difícil está em continuar vivos quando o pedestal do sonho não suportar nosso peso e dele cairmos, pois nossa educação não costuma nos preparar para fracassos.
Não há como dizer o que é certo ou errado nas relações, cada um ama de uma forma diferente e única; cada relação compõe-se de experiências diversas e nem todos os vínculos conjugais têm a mesma característica. Relações saudáveis envolvem reciprocidade e certo equilíbrio entre dar e receber. Contratos mais explícitos e negociados entre o casal costumam facilitar tal troca.
Diante disso, existe a oportunidade, e o desafio de inventar o casal, o namoro, o casamento, a família e a vida que queremos para nós. Nesta invenção, em que os estereótipos sobre “ser homem” e “ser mulher” não deveriam ter lugar, ganham homens e mulheres que, sentindo-se responsáveis pela construção cotidiana da relação amorosa, não aceitam falsas promessas de uma existência mais fácil e segura, não adotam posturas de vítimas e não gastam suas energias em acusações mútuas, cobranças e chantagens.Assim, o que temos e podemos é a aventura de encontrar alguém e ao lado dele construir uma história de vida comum, felicidade que nasce do duro processo de sermos promotores uns dos outros por meio do amor que sentimos.
Se serão felizes para sempre ou não, não é possível afirmar. Entretanto certamente a família que um casal pretende formar não se completa com a decisão de se casar e muito menos se eterniza na cerimônia do casamento. Ali na verdade é onde tudo começa.