Amaldiçoada pelos dirigentes de clubes de futebol, a Lei Pelé continua em debate. Mas as mudanças que devem acontecer devem ainda ser bem simples para atenuar o desgaste sofrido pela maioria de clubes brasileiros que lida com o futebol.
Há 10 anos em vigência a lei tirou todos os poderes dos clubes formadores de jogadores, passando para os jogadores, além de seus procuradores, empresários, familiares, que nunca investiram nada para formar atletas.
Esta discrepância com a realidade, vitimou centenas de clubes que trabalhavam basicamente na formação de jogadores. A maioria deles vinda de origem humilde, ganhava um lugar para crescer, como atleta e como homem, com alojamento, alimentação, estudo e orientações.
A formação de atletas também caiu à estaca zero. O precoce comércio de jogadores eliminou o trabalho de formação básica, feito nas escolinhas. Trabalhos simples, como posse de bola, passe, cruzamento, cabeceio, sistemas táticos.
Já existe uma geração de “jogadores deficientes” que não têm as condições mínimas necessárias a um jogador profissional. Alguns cruzam e não cabeceiam; outros marcam e não dão um passe. A maioria não sabe finalizar a gol. Uma tristeza. Isso acontece numa larga escala.
CPB comemora mudanças
A aprovação de mudanças na Lei Pelé no plenário da Câmara dos Deputados foi comemorada pelo Comitê Paraolímpico Brasileiro (CPB). O projeto redefine o repasse da Lei Agnelo/Piva, garantindo 0,5% dos recursos das loterias federais para os clubes formadores de atletas das modalidades olímpicas e paraolímpicas. A verba para os clubes sairá da parte que o Ministério do Esporte recebe do repasse das loterias. Desta forma, os recursos do CPB e do COB, que somam 2%, ficam mantidos.
“O resultado foi muito positivo para o segmento paraolímpico. Além de conseguirmos manter os atuais repasses da lei Agnelo/Piva, ampliamos nossas possibilidades com a aprovação dos 0,5% para os clubes formadores de atletas olímpicos e paraolímpicos”, celebra Andrew Parsons, presidente do CPB.
“Essa inclusão dos paraolímpicos foi fruto de um trabalho árduo do CPB junto à Câmara dos Deputados, no qual tivemos o apoio de vários parlamentares que entenderam ser justo o nosso pleito.”
Na versão inicial do projeto, o repasse para os clubes seriam descontados da verba recebida pelo COB e pelo CPB. Andrew ainda destacou o apoio dos clubes ao movimento paraolímpico.
“Ressalto a receptividade positiva da Confederação Brasileira de Clubes (CBC) em relação à inclusão do esporte paraolímpico no percentual a ela destinado. Desde o início da nossa gestão temos procurado intensificar nosso trabalho junto ao Congresso Nacional para dar cada vez melhores condições ao segmento paraolímpico. Essa aprovação na Câmara dos Deputados já é fruto desse trabalho”, conclui.
O plenário da Câmara ainda votará alguns destaques do projeto após o carnaval. Depois, o texto segue para o Senado para análise.