A dupla sertaneja Bruno e Barreto foi condenada a pagar uma indenização de R$ 21 mil à família de uma idosa exposta em uma entrevista concedida em 2016 ao programa “The Noite”, do SBT.
Na conversa com o apresentador Danilo Gentili, os sertanejos disseram que, durante uma viagem para um show no interior paulista, Bruno havia se relacionado sexualmente com uma idosa.
Embora não tenham mencionado nenhum nome, eles citaram a cidade na qual o show foi realizado e deram tantos detalhes que muitas pessoas da região conseguiram identificar a mulher.
A família afirma que a história é mentirosa, que a idosa estava debilitada à época, em tratamento de câncer, e que, a partir a entrevista, a vida de todos se transformou em um caos. “Viramos motivo de piada e chacota”, disseram os familiares à Justiça.
Os filhos passaram a receber ligações telefônicas, trotes, mensagens de WhatsApp com piadinhas sobre a história contada pela dupla sertaneja. “Nos sentimos humilhados”, afirmaram no processo.
“Nossa genitora ficou em prantos, arrasada, envergonhada, sentindo-se humilhada, adoentada e com o quadro depressivo se agravando”, disseram. “Impiedosamente, eles a difamaram e a injuriaram com declarações falsas”.
Na defesa apresentada à Justiça, a dupla sertaneja alegou que, na “anedota”, fazia referência a outra pessoa. “As declarações proferidas foram genéricas, sem menção expressa a qualquer pessoa e realizadas em programa de cunho humorístico, sem qualquer conotação ofensiva”.
Segundo Bruno e Barreto, não há provas de que falavam da mãe dos autores do processo. Os músicos foram condenados em primeira instância e, no final de janeiro, a decisão foi confirmada pelo Tribunal de Justiça.
“Ao contrário do que alegam, as menções da história, supostamente hilária, não foram genéricas, e foi perfeitamente possível identificar a pessoa”, afirmou o desembargador Rezende Silveira, relator do processo.
Segundo o desembargador, na entrevista, eles foram “sexistas” e preconceituosos, gabando-se de uma situação artificialmente hilária, às custas da privacidade alheia”, com o objetivo de “autopromover os dotes masculinos e alavancar a audiência do programa”.
Cabe recurso à decisão.