A Justiça Federal de Jales condenou a cinco anos e oito meses de prisão um administrador de empresas de Urânia e a cinco anos e quatro meses um transexual por crimes de tráfico internacional de pessoas e rufianismo (exploração da prostituição).
Segundo denúncia do Ministério Público Federal (MPF) de Jales, em 2007 cinco mulheres da região foram aliciadas pela dupla e levadas para se prostituírem em Roma. A dupla pode recorrer em liberdade.
As mulheres teriam aceitado viajar à Europa com a proposta de ganho de R$ 30 mil por trimestre como escravas sexuais. Em troca, as mulheres eram obrigadas a fazer programas sexuais agenciados pelo cabeleireiro Eli Alves Pinto, a transexual Stella, que chegou a morar na Itália. Era Stella quem se encarregava, conforme o processo, do envio de dinheiro para a viagem das garotas. Além do pagamento das despesas, cada mulher viajava com mil euros para comprovar, no setor de controle de imigração italiano, a entrada como turistas .
O valor era devolvido pelas prostitutas ao “chefe” do esquema assim que desembarcavam em solo europeu. Toda a transação era coordenada na região de Jales por Adriano Alves dos Reis. O administrador de empresas e a transexual, segundo o MPF, mantinham apartamentos alugados em Roma para a prostituição das brasileiras. A investigação apurou que os acusados pagavam as despesas de hospedagem, alimentação, cigarros e telefone, além de um salário fixo às mulheres “contratadas”. O lucro obtido com os programas feitos por elas era dividido entre Reis e Stella.
Denúncia
O esquema foi descoberto após denúncia feita por um homem ao MPF. A Procuradoria da República conseguiu cruzar os dados da denúncia e flagrar quando duas mulheres tentavam retirar passaportes na Polícia Federal de Marília. Com base no depoimento das mulheres, interceptadas antes da saída do Brasil, a Justiça decretou a quebra do sigilo telefônico dos acusados e descobriu os detalhes do tráfico das mulheres.
Na sentença, a juíza substituta Karina Lizie Holler cita que as escutas telefônicas foram decisivas no julgamento por demonstrar, detalhadamente, a articulação que havia entre os acusados na organização dos crimes. Stella, presa ao desembarcar no Brasil, em setembro passado, e solta após prestar depoimento, diz que o depoimento das testemunhas não mereciam credibilidade por se tratar de prostitutas.
A advogada de Reis, Regiane Silvina Fazzio Gonzales, aguarda a notificação da Justiça para ingressar com recurso.Já a advogada de Stella, Angélica de Almeida Rodrigues, não atendeu as ligações.