O prefeito de São Paulo, João Doria, tem vasta experiência na televisão, de onde pode ter tirado a inspiração para criar cenários perfeitos nos abrigos para moradores de rua durante a inauguração e, depois, tirar tudo de lá para enfeitar o próximo a ser inaugurado.
Segundo reportagem da revista Veja SP, Doria inaugurou 17 centros de acolhimento temporário, mas alguns deles sequer têm condições de uso. E, pior: eletrodomésticos e peças de mobiliário fundamentais para o funcionamento dos abrigos foram movidos de um para outro apenas para “aparecer na foto”.
A reportagem visitou o CTA São Mateus e descobriu que pelo menos duas máquinas de lavar que apareciam no vídeo de inauguração sumiram. O mesmo aconteceu com um grande armário de ferro onde os moradores de rua guardariam seus pertences. Na cozinha, não há fogão ou geladeira, o que faz com que os moradores recebam alimentação com compra de marmitas. A sala de atendimento psicológico virou depósito de cadeiras quebradas, toalhas e roupas de cama.
No CTA Butantã, os pertences dos moradores de rua ficam em sacos de lixo em uma sala. Já o CTA Guaianases, inaugurado no dia 27 de fevereiro, continua sem funcionar quase um mês depois.
O secretário Filipe Sabará, de Assistência e Desenvolvimento Social, disse que vai fiscalizar as ONGs que administram os abrigos e que os problemas apontados são apenas pontuais.