No dia 1.º de janeiro, o prefeito eleito João Doria (PSDB) vai herdar da atual administração um pacote bilionário em obras focado em Habitação, Mobilidade Urbana, Saúde e Drenagem.
Na lista de projetos em andamento, contratados ou em fase final de licitação, há alguns vendidos como marca pelo prefeito Fernando Haddad (PT), como o futuro Hospital Municipal de Brasilândia, na zona norte, seis CEUs e o corredor de ônibus da Radial Leste.
As informações sobre cada obra ou projeto já finalizado serão passadas à futura gestão tucana durante a fase de transição, que começou oficialmente na sexta-feira com a primeira reunião na Prefeitura entre Doria e Haddad. O prefeito eleito já se comprometeu a não paralisar o que já está na rua, consumindo recursos públicos. As licitações em andamento serão avaliadas, assim como as ações planejadas por Haddad, mas ainda não contratadas.
Parte das obras atrasou ou nem sequer começou pela dificuldade da Prefeitura em conseguir fazer valer os convênios assinados em 2013 com o governo federal. Juntos, somam R$ 8,1 bilhões, mas somente 10% desse montante foi de fato depositado nos cofres municipais – no sábado, o Estado revelou que, na próxima semana, Doria vai se encontrar com o presidente Michel Temer (PMDB) para cobrar essa conta.
O que foi gasto. Sem recursos em caixa, o montante gasto ao longo da gestão Haddad em investimentos ficou aquém das necessidades. Até agora, foram liquidados em ações de melhoria pouco mais de R$ 14,5 bilhões dos R$ 24 bilhões previstos para cumprir o plano de metas anunciado pelo petista.
Para cumprir o compromisso de continuidade, porém, Doria terá de fazer valer a marca que criou de gestor. Segundo estimativa da Prefeitura, só a execução dos novos corredores de ônibus da zona leste vai consumir mais de R$ 1 bilhão até o fim das obras, que passam por vias importantes, como a Radial Leste e as Avenida Itaquera e Líder, em 45 quilômetros de extensão.
O modelo de corredor prometido pelo tucano durante a campanha, no entanto, pode exigir algumas alterações nos contratos já firmados. Doria diz que construirá as pistas no formato BRT, sigla em inglês para Transporte Rápido por Ônibus, considerado mais moderno e mais caro. Cada quilômetro custa cerca de R$ 70 milhões. Batizado de “Rapidão” por sua equipe, garantirá viagens 20 minutos mais rápidas, diz Doria, e sua manutenção será entregue à iniciativa privada, dentro do pacote de concessões já anunciado. Para o cientista político e diretor do Movimento Voto Consciente, Humberto Dantas, dar continuidade a obras em tempos de crise será um desafio. “Arrecadação em baixa é ameaça de muita coisa ficar no papel. A música pode ser nova, mas os desafios são velhos.”
PETISTA CORRE PARA CONCLUIR PROJETOS PRIORITÁRIOS
Se não conseguiu apresentar os resultados durante o período eleitoral, o prefeito Fernando Haddad (PT) quer usar os últimos meses de sua gestão para correr com obras consideradas prioritárias por ele e inaugurar ao menos uma parte delas até dezembro. Nessa lista estão os oito CEUs em construção, ao custo total de R$ 319,8 milhões.
Em 2013, o petista se comprometeu a entregar 20 e até agora só cumpriu a promessa com o CEU Heliópolis, na zona sul. Na campanha, foi cobrado por Marta Suplicy (PMDB) pelo atraso.
Na área da Saúde, a prioridade é acelerar a construção do Hospital Municipal de Parelheiros, no extremo sul, para que o petista possa inaugurar ao menos uma das alas do futuro equipamento – o projeto teve início em fevereiro de 2015. A unidade de Brasilândia ficou para 2017.
Haddad deve repetir a gestão Marta Suplicy, que também iniciou a construção de dois hospitais, mas acabou repassando a inauguração para um tucano: José Serra. Os dois já custaram R$ 364 milhões.
Há expectativa ainda no setor da mobilidade urbana. Até dezembro, a atual gestão espera conseguir entregar ao menos um trecho do corredor de ônibus Leste-Itaquera, que tem 72% dos serviços executados.