Em campanha para as eleições presidenciais de 2022, o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), expôs suas prioridades de governo, caso ocupe a cadeira do chefe do Executivo a partir de 2023, e apostou em um discurso para deixar que o País seja “pária”, tanto no cenário internacional quanto em políticas públicas. Empresário e liberal, Doria, ao apresentar suas políticas de governo, negou ser populista. “Estou aqui para administrar o Estado de São Paulo”, destacou.
Em discurso de abertura do 20º Fórum Empresarial Lide, Doria apresentou cinco temas que serão prioritários caso vença as eleições de 2022: saúde, emprego, proteção social, meio ambiente e educação. Com fortes críticas ao presidente Jair Bolsonaro, o governador traçou paralelo entre as ações de seu governo à frente do Estado paulista ante as do Executivo.
Na área da saúde, Doria reforçou o uso de sua bandeira eleitoral, a vacina contra a covid-19 Coronavac, produzida pelo Instituto Butantan em parceria com a Sinovac. Destacando a união dos governadores pela campanha de imunização, Doria enalteceu o Sistema Único de Saúde (SUS) e comentou sobre a importância da vacinação. “Vamos precisar de vacinas, vai ser necessária até por muitos anos até termos medicamentos sérios, corretos e adequados para nos proteger”, afirmou, em referência aos medicamentos não comprovados cientificamente defendidos por Bolsonaro.
Doria enalteceu a iniciativa privada pelos investimentos na viabilização das vacinas. No evento, antes da fala do governador, ele foi citado diversas vezes por empresários, que destacaram que o evento acontece de forma híbrida – presencial e virtual – como consequência da luta de Doria pelos imunizantes.
Usando projeções estaduais para comprovar seu compromisso com os temas, o chefe do Executivo estadual comentou a luta pela viabilização de mais empregos no País, a implementação de escolas integrais e investimentos em universidades públicas. Doria afirmou que na área da educação em São Paulo a meta é chegar a 2 mil escolas em tempo integral até o final deste ano e 3 mil até 2022. Segundo ele, o “futuro” que deseja é que todas as escolas do Brasil sejam em tempo integral.
“Desculpas da área pública você tem, agora quando você tem a alma privada e respeitando o público, nós fazemos”, afirmou. Mesmo destacando a importância da iniciativa privada, Doria afirmou que “não dá pra ser um liberal sem ser um democrata social, olhando e atuando para mitigar a pobreza”. Expondo ações de seu governo, Doria citou o Vale Gás, distribuição de alimentos solidários e deu ênfase à distribuição gratuita de absorvente para alunas da rede municipal de ensino. Segundo ele, o governo estadual vai fazer a distribuição de absorvente para mulheres de até 46 anos.
“Em Brasília, os mesmos infames do presta para quê vetaram projeto no Congresso Nacional que tornava obrigatório o fornecimento de absorvente para essas famílias”, criticou o tucano. No início do mês, Jair Bolsonaro vetou a distribuição gratuita de absorventes íntimos. A decisão trouxe novamente ao debate o conceito de “pobreza menstrual” e a dificuldade de promover políticas públicas capazes de acolher estudantes de baixa renda de escolas públicas e pessoas em situação de rua ou de extrema vulnerabilidade.
O projeto de governo de Doria também passa pela forte defesa ao meio ambiente. “Aqui não há agressão ambiental, nem legal e muito menos ilegal”, afirmou Doria, acrescentando ser “perfeitamente possível avançar no agro e na indústria protegendo e respeitando o meio ambiente”. Entre promessas, o governador afirmou que o Rio Pinheiros será limpo e despoluído até o ano que vem, além de garantir ações pela despoluição do Rio Tietê.
“Fizemos reformas ao invés de apostar no populismo”, declarou. Para o governador, o País se tornou pária na área ambiental e nas relações internacionais. “Enquanto o Brasil se isolava, São Paulo abria escritórios na China, nos Emirados Árabes, na União Europeia e, no próximo dia 2 de dezembro, abre escritório para América do Norte em Nova York. 70% com investimento privado e 30% do governo”, disse.
Doria finalizou seu discurso “dando um sinal de esperança”, como pontuou. “Não percam esperança no Brasil, não silenciem. O silêncio é o instrumento dos medíocres, dos covardes. Lutem pela sua terra, famílias, amigos, os pais que já se foram, pessoas que amaram e não estão aqui, lutem pelo Brasil, e a luta é democrática”, destacou. Com tom pacificador, o tucano destacou que a “luta não é com arma, é com inteligência”. “O orgulho será resgatado pela via democrática”, finalizou.