O ex-governador de São Paulo, João Doria (PSDB), disse acreditar, durante UOL Entrevista hoje, que o presidente Jair Bolsonaro (PL) planeja causar o adiamento das eleições no Brasil com o incentivo à violência.
No último dia 9, o agente penitenciário Jorge José da Rocha Guaranho, bolsonarista, invadiu uma festa e matou a tiros o aniversariante, o guarda municipal Marcelo Arruda, em Foz do Iguaçu (PR). O evento celebrava os 50 anos de Arruda, em uma comemoração temática do PT, com bandeiras e cores do partido e foto do ex-presidente e pré-candidato à Presidência Luiz Inácio Lula da Silva.
“Não acredito em golpe, mas no sentimento bolsonarista, doentio da família Bolsonaro, para, diante de um quadro de profunda dificuldade no país, se proponha o adiamento das eleições. Isso é um ato condenável, é ruptura do processo institucional, democrático”, afirmou o tucano.
Doria avalia que as comemorações pelo Dia da Independência este ano, 7 de setembro, devem ser ainda mais tensas do que as do ano passado, quando Bolsonaro participou de um ato que pregava ataques às instituições democráticas.
“O crescimento do confronto ao ponto da violência pode ser uma marca dessa eleição. Vejo que isso pode se acentuar nas próximas semanas, e ter seu ápice no 7 de setembro”.
Doria diz que Lula e Bolsonaro são danosos
Durante a entrevista, João Doria também afirmou que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Bolsonaro são danosos, mas de formas diferentes. Na avaliação do tucano, o atual mandatário é pior.
“Se eu tivesse que fazer uma escala, Bolsonaro é muito mais danoso, porque, além de tudo, é um doente, incapacitado. Uma pessoa doente não tem controle sobre nada, nem sobre seus acertos – que não existem – nem sobre os erros”, disse Doria.
O ex-governador de São Paulo responsabilizou o discurso negacionista de Bolsonaro pela sua baixa popularidade. Segundo Doria, o presidente conseguiu influenciar parte da população sobre ele ser o culpado pelas consequências negativas na economia após as medidas restritivas para conter a disseminação do coronavírus.
“O negacionismo de Bolsonaro e o gabinete do ódio com articulação eficiente de fake news não só a mim, mas principalmente a mim por termos [ele e equipe do governo de São Paulo] trazido a vacina. Como se fóssemos os responsáveis pela quarentena”.
“Eu não pude ter densidade eleitoral para os partidos se sentirem à vontade em me apoiar. Mas isso não significa uma condenação da minha parte a quem quer que seja da política, principalmente àqueles que compõem a aliança do PSDB”, acrescentou Doria, que teve a pré-candidatura à Presidência rifada.