Dor: três letrinhas alçadas a sinônimo de sofrimento quando perdem o significado de sinal biológico de alerta e passam a designar reação desmesurada do organismo.
Aguda, a dor funciona como um importante mecanismo de defesa, indicando que algo está errado, e a necessidade de atendimento médico. Mas quando o tempo passa e ela permanece, torturando o corpo e neutralizando todas as armas usadas para debelá-la, torna-se crônica. Deixa de ser sintoma, de guardar relação entre causa e efeito, e transforma-se, por si só, em doença.
A Sociedade Brasileira para o Estudo da Dor (SBED) estima que cerca de 30% dos brasileiros – ou 60 milhões de pessoas – sofram com algum tipo de dor crônica. Trazendo esse dado para a realidade de Fernandópolis, é possível apontar que 20 mil fernandopolenses tem queixas frequentes de dor.
Por definição, dor crônica é aquela que dura mais de três meses, mesmo que não seja contínua, ou seja, aquela sensação pavorosa pode ir e vir em crises.
Cerca de 50% dos vitimados pelo problema apresentam algum comprometimento da rotina, como afastamento e incapacidade para o trabalho ou mesmo para as tarefas mais simples, estima a SBED. A perspectiva sombria é que, em alguns casos, isso se torna permanente.
Com o prolongamento do estímulo doloroso, surgem efeitos como alterações no humor, no apetite e no sono e queda do sistema imunológico, levando ao desgaste físico e psicológico com resultados potencialmente devastadores, como aposentadorias precoces e depressão grave.
Não para menos, de 75% a 80% dos atendimentos nos serviços públicos são motivados por queixas de dor, conforme dados epidemiológicos internacionais, informa o Ministério da Saúde.
Três em cada dez faltas no trabalho no país são causadas pela dor crônica, segundo pesquisa. Segundo estudo médico, as pessoas sofrem, principalmente, com dores musculares, nas costas ou de cabeça — e grande parte disso se deve ao uso exagerado de tecnologias. A má posição ou altura dos computadores e notebooks prejudicam a postura ou originam uma pressão em músculos e articulações, principalmente nos ombros, braços, pulsos e dedos, estressando essas regiões.
A dor é o sinal de que algo está errado no organismo e pode indicar algum problema de saúde. Por isso requer uma investigação médica para identificar o problema. Automedicação camufla o problema.
DOR DE CABEÇA
No campeonato das dores, a de cefaleia é o problema apontado por 80% das pessoas que dizem sentir alguma dor.
Aliás, talvez não haja no mundo quem nunca tenha sentido dor de cabeça. Depois de um dia agitado e estressante, é possível que a pessoa volte para casa com a cabeça pesada e dolorida, resultado da tensão em certos músculos. Daí, ela toma um comprimido, descansa um pouco e, na manhã seguinte, levanta recuperada para dar andamento a seus compromissos.
No entanto, certos tipos de dor de cabeça têm características bastante diferentes. Entre ela, está a enxaqueca. Muitas pessoas confundem e consideram qualquer dor de cabeça como exanqueca e isso está diretamente ligado ao fato de que a enxaqueca seja a dor de cabeça que mais aflige e chama a atenção em virtude dos sintomas que a acompanham – intolerância à luz, ao barulho, vômitos, mal-estar geral. Assim a palavra enxaqueca acabou-se transformando em sinônimo de dor de cabeça.
Segundo os médicos, enxaqueca não é dor de cabeça. É uma síndrome com no mínimo 60 sinais e sintomas dos quais a dor de cabeça é apenas um deles.
Na realidade, já foram descritos quase 200 tipos diferentes. O mais frequente é a cefaleia tensional episódica, a dor de cabeça comum que todo o mundo tem de vez em quando e não procura o médico por causa disso, e o pior deles, a cefaleia em salvas.
Na cefaleia em salvas esse pico é atingido em cinco minutos. Os sintomas são típicos e inconfundíveis. É uma dor pulsátil, violenta, unilateral que se manifesta num dos olhos, na órbita ou no fundo do olho, que fica vermelho e lacrimejante.
COLUNA
A coluna é a segunda maior fonte de dor no mundo, atrás somente da cabeça. A Organização Mundial da Saúde estima que 80% da população mundial sofrerá ao menos um episódio de dor nas costas na vida.
Entre as principais causas estão tumores, cistos, lesões nos nervos, nas vértebras e nos discos e principalmente má postura, fraqueza dos músculos da região, tabagismo e obesidade.
Para os especialistas a coluna tem suas regras, e elas não são obedecidas. As regras estão relacionadas ao estilo de vida da pessoa, que contribui para o aumento de casos de dor nas costas: má postura, sedentarismo e obesidade estão ligados ao problema.
Mas a dor também pode ser causada por tumores, cistos, lesões nos nervos, nas vértebras e nos discos. No menor sinal de dor, a pessoa deve procurar um especialista. Muitas vezes, o paciente acredita que a dor será passageira, que foi fruto de um mal jeito qualquer e, assim, não consulta um médico. Mas o problema pode se agravar. O alerta é quando a dor vem, passa e volta. É nessa hora que a pessoa deve consultar o médico.
A prática de exercícios físicos regulares fortalece a coluna e ajuda a prevenir dores. Uma simples caminhada de 30 minutos, ao menos três vezes por semana, diminui a incidência de novas crises. Mas apenas essa atividade não fortalece todos os músculos. Com orientação de um especialista, o paciente poderá escolher a melhor atividade para ele.
Algumas regras de prevenção são clássicas: evitar de carregar peso em excesso; dobrar os joelhos ao levantar peso; quem trabalha sentado por períodos longos, levantar-se a cada 50 minutos e andar um pouco; procurar sentar-se corretamente; e , evitar, por exemplo, assistir TV ou ler deitado, porque a pessoa acaba ficando numa posição forçada, pressionando os discos vertebrais.
Jornal Tá Na Mão