Dois depoimentos tomados pela Ouvidoria da Polícia do Estado de São Paulo geraram dúvidas sobre a autoria do assassinato de Carlos Roberto Vieira da Silva, de 39 anos. Silva vivia nas ruas e morreu queimado no último dia 5. De acordo com a ouvidoria, um dos depoentes disse que o suspeito preso pela polícia – também morador de rua – tem dificuldade de locomoção e não poderia correr como faz a pessoa que aparece nas imagens de câmeras de segurança utilizadas pelas autoridades para identificá-lo.
Uma moradora da Mooca, que conhece há mais de dois anos anos o morador de rua morto e o que está preso, afirmou que o que está na prisão, que é conhecido como Buiu, tem deficiência física, pés inchados e dificuldade para se locomover, disse, em entrevista, o ouvidor da Polícia do Estado de São Paulo, Benedito Domingos Mariano. “Pelo que ela conhece do morador de rua, não é ele que está na imagem, correndo após ter ateado fogo {ao corpo de Silva]”, acrescentou o ouvidor. disse, em entrevista, o ouvidor da Polícia do Estado de São Paulo, Benedito Domingos Mariano.
O segundo depoimento feito na ouvidoria traz a informação de que o autor do crime seria branco, magro e de barba, características diferentes das do suspeito preso, que é negro. “A pessoa coloca em declaração que, minutos antes, viu uma pessoa de preto parada próxima do morador de rua que foi morto, e que olhou para a pessoa, a pessoa também olhou para ele. E que a pessoa é branca, magra e de barba. Vendo as imagens depois do episódio, a pessoa declarante tem convicção de que se tratava da mesma pessoa que ateou fogo no morador de rua”, disse o ouvidor.
De acordo com a ouvidoria, os dois depoimentos foram feitos espontaneamente, um na segunda-feira (13) e o outro, ontem (14). As declarações de ambos foram encaminhadas, em ofício, para o 18º Departamento de Polícia, que investiga o caso, e para o Ministério Público Estadual.
O morador de rua conhecido como Buiu está preso desde o último dia 8. Ele é acusado de atear fogo à vítima, que estava em situação de rua e dormia no momento do ataque, na noite de domingo (5). “Na minha visão, a investigação deve se aprofundar mais, está em aberto: são depoimentos importantes, que merecem uma análise detalhada da polícia judiciária”, ressaltou o ouvidor.
Em nota, a Secretaria de Segurança Pública (SSP) informou que os novos depoimentos serão checados. “O autor foi identificado, reconhecido por testemunhas, confessou o crime e teve o pedido de prisão temporária deferido pela Justiça. A autoridade policial está à disposição para ouvir as testemunhas que tiverem mais informações sobre o caso”, diz a nota da SSP.