Ramiro Luege (foto em destaque), diretor de Recursos Humanos na América Latina de uma empresa multinacional de tecnologia agrícola, com sede nos Estados Unidos, é investigado pela Polícia Civil por agredir a esposa e expulsá-la de casa, no Morumbi, bairro nobre da capital paulista.
A mulher dele, uma estudante de medicina de 35 anos, conseguiu retornar ao imóvel somente após decisão judicial.
Ela contou à polícia ter ficado com hematomas pelo corpo após o mais recente caso de agressão, ocorrido no último dia 19. Em 27 de janeiro deste ano, a vítima já havia registrado outro boletim de ocorrência contra Ramiro por lesão corporal e violência doméstica.
Os advogados de defesa do diretor, que é natural da Argentina, foram procurados pelo Metrópoles, mas não deram retorno. O espaço segue aberto.
Segundo registros policiais, Ramiro agrediu a esposa, prensando o braço dela em uma porta, por volta das 21h30 do último dia 19, no apartamento de alto padrão em que residiam. A reportagem apurou que o imóvel é alugado. Somando com o condomínio, os gastos mensais chegam a R$ 10 mil.
Durante a agressão, a vítima ainda bateu a cabeça em uma poltrona de amamentação de seu filho, de 4 anos, fruto de outro relacionamento. Ramiro, ainda segundo documentos policiais, arrancou o celular da mão da esposa, com a qual está casado há 3 anos.
“Ao observar que ele estava descontrolado, ela foi para a portaria pedir ajuda, e o porteiro emprestou o celular para que ela acionasse a polícia”, diz trecho do boletim de ocorrência.
O diretor de 45 anos desceu até a portaria, onde a vítima permaneceu escondida, sob a bancada do porteiro, até a chegada da Polícia Militar.
O caso foi registrado na 6ª Delegacia de Defesa da Mulher (DDM) de Santo Amaro como lesão corporal e violências psicológica e doméstica.
Expulsão
De acordo com a polícia, Ramiro expulsou a vítima do apartamento mesmo sabendo que ela depende financeiramente dele. No processo do caso, que corre em segredo de Justiça, é mencionado o fato de a esposa ter largado o emprego para ajudar Ramiro em um empreendimento, deixando com isso de ter renda própria.
No dia seguinte às agressões atribuídas ao diretor, a Justiça expediu uma medida protetiva, determinando que ele mantenha distância mínima de 300 metros da vítima, não faça nenhum tipo de contato com ela e não frequente os mesmos locais. Além disso, a Justiça definiu que o diretor deve sair do apartamento.
Quarenta e oito horas após o crime, um oficial de Justiça foi ao imóvel e fez com que Ramiro saísse do apartamento no Morumbi.
A estudante permanece no local, sem condições de arcar com as altas despesas e sem nenhum tipo de garantia de ajuda do diretor. O investigado chegou a solicitar, por vias judiciais, seu retorno ao apartamento, alegando que, do contrário, “será compelido a desocupar o imóvel”.
O pedido dele foi negado pela Tribunal de Justiça de São Paulo.
Reincidência
Em janeiro deste ano, a mulher do diretor registrou boletim de ocorrência de lesão corporal e violência doméstica contra Ramiro na 6ª DDM de Santo Amaro.
Em seu relato, a estudante afirmou que o relacionamento com o diretor já era “conturbado”, acrescentando que havia sido “agredida fisicamente outras vezes”.
A vítima ainda afirmou à Polícia Civil possuir negócios com Ramiro e que ele “sempre” discutia por causa de “questões financeiras”.
“A vítima deixou o emprego que tinha em razão da nova atividade que passou a exercer junto com o companheiro e é sempre humilhada por ele. Há sempre insinuações por conta de dependência financeira. Relatou que a situação é recorrente e a faz sentir-se abalada.”
Recursos Humanos
Em uma rede social, Ramiro Luege afirma estar há quase um ano atuando na empresa multinacional.
“É possível crescer de forma acelerada sem perder o foco nas pessoas. Ainda numa startup com a dinâmica do agronegócio numa região tão competitiva como a América Latina”, escreveu o investigado.
A empresa em que Ramiro trabalha foi procurada pelo Metrópoles para comentar as denúncias contra o funcionário, mas não havia respondido até a publicação desta reportagem. O espaço segue aberto para manifestação.