No dia 22 de setembro foi celebrado o Dia Nacional da Banana, data que marca a cadeia produtiva da fruta mais consumida no Brasil e no mundo. Historicamente, a cultura da bananicultura tornou-se atrativa aos produtores devido ao retorno rápido do capital investido.
Vale destacar que o estado de São Paulo é responsável por mais de 25% de toda a banana produzida no país, o que corresponde a um milhão de toneladas, em uma área plantada de 52 mil hectares, segundo levantamento do Instituto de Economia Agrícola (IEA – Apta). O Vale do Ribeira é o maior polo produtor paulista da fruta e as principais variedades são prata, nanica, maçã, ouro e terra.
Para incentivar e desenvolver ainda mais o setor, a Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo (SAA) contribui fortemente com diversas ações, que englobam desde pesquisa em melhoramento genético a medidas fitossanitárias.
A Coordenadoria de Assistência Técnica Integral (CATI) Sementes e Mudas, ligada à SAA, vem trabalhando na produção de mudas micropropagadas de banana, com qualidade genética, fisiológica e sanitária. A clonagem de mudas de banana é um processo de micropropagação que ocorre em laboratório e tem como objetivo produzir mudas idênticas à planta-mãe. As mudas clonadas são livres de pragas e doenças, e podem aumentar a produtividade em até 30%.
O Projeto Banana da CATI Sementes e Mudas visa incentivar a substituição dos bananais já existentes por outros a serem formados com mudas produzidas em laboratório de cultura de meristemas de variedades tolerantes ou resistentes à Sigatoka Negra. A doença é responsável pelo aumento do custo de produção da cultura, em função da necessidade de maior número de pulverizações com defensivo agrícola.
“A Sigatoka Negra provoca queda na produtividade, na qualidade e, consequentemente, na renda dos produtores. Um programa de fornecimento de mudas de qualidade, variedades mais resistentes ou tolerantes a este mal pode ajudar o setor a superar a crise, que vem atravessando e permitir, inclusive, a futura certificação dos produtos obtidos nos novos bananais, em função do menor uso de defensivos agrícolas”, explica o diretor técnico do Centro de Mudas da CATI, Marcos Augusto Franco Junior.
A Coordenadoria de Defesa Agropecuária (CDA), da SAA, responsável pelo planejamento e coordenação das ações fiscalizatórias, garante a sustentabilidade fitossanitária da cultura da banana no estado de São Paulo. Recentemente, estabeleceu a obrigatoriedade de cadastro de todas as unidades de produção de banana dentro do sistema informatizado de gestão animal e vegetal, o Gedave.
“Com essa norma, defendemos a sustentabilidade fitossanitária da cultura da banana no estado de São Paulo, maior produtor e consumidor brasileiro da fruta, além de definirmos com mais clareza as ações de defesa sanitária voltadas para a cultura”, explica o engenheiro agrônomo e diretor do Departamento de Defesa Sanitária e Inspeção Vegetal (DDSIV), Alexandre Paloschi.
Além de atuar com ações estratégicas para garantir a produção e o abastecimento da fruta paulista, a CDA também está empenhada com inovações e pesquisas voltadas à prevenção. No caso da Fusariose da Bananeira, conhecida como murcha de Fusarium ou Mal do Panamá, causada por um fungo habitante do solo, que penetra pelas raízes, colonizando e obstruindo os vasos condutores de seiva para parte aérea, resultando na morte da planta.
“A Raça 1 deste fungo já existe no Brasil desde a década de 70, acometendo as variedades maçã e prata e foi responsável pelo desaparecimento, na época. da banana maçã nas prateleiras dos supermercados, que foi substituída pela ‘Nanica’, que é altamente resistente a Raça”, detalha a assistente agropecuário da CDA, Regional de Registro, Ana Paula de Lima.
Porém, surgiu no sudeste asiático uma nova variante do fungo, a Raça 4 Tropical (Foc R4T), que afeta praticamente todas as variedades existentes no mercado. “A R4T chegou na Colômbia (2019), Peru (2021) e Venezuela (2023) e ameaça entrar no território brasileiro. Os órgãos da Defesa Agropecuária brasileira estão em alerta desde 2018, quando foi publicado o Plano Nacional de Prevenção e Vigilância desta iminente praga”, conclui Ana Paula.
Uso de composto orgânico
No Vale do Ribeira, a Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, por meio da Apta Regional de Pariquera-Açú, vinculada à Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (Apta), está com estudo sobre o uso de composto orgânico no cultivo de bananeiras e a seleção de novas cultivares com resistência à Fusariose de bananeira.
Segundo o pesquisador Edson Nomura, o projeto avalia os efeitos de doses de composto orgânico no cultivo de bananeiras, visando a saúde do solo com o equilíbrio do uso de fertilizantes químicos e orgânicos. “É uma avaliação inédita das atividades enzimáticas dos microrganismos e da atuação no solo com o uso do composto.”
O diferencial deste estudo é aliar os benefícios do uso de fertilizantes químicos e orgânicos para o cultivo sustentável de bananeiras. “Este estudo pode influenciar no aumento e estabilidade da produção, visto que está se trabalhando com a saúde do solo, mantendo em equilíbrio”, afirma Nomura.
O produtor tem uma enorme vantagem com o uso de compostos orgânicos, garantindo uma produtividade mais estável e duradoura e diminuindo a dependência de insumos externos como fertilizantes minerais e irrigação. O uso constante do composto orgânico pode reduzir o uso de fertilizantes químicos.
Já para a pesquisa de seleção de novas cultivares com resistência à Fusariose de bananeira está em avaliação o desenvolvimento, a produção e a pós-colheita de bananeiras somaclonais do subgrupo Cavendish [conhecida como banana nanica ou banana d’água no Brasil], nas condições edafoclimáticas da região do Vale do Ribeira.
“O estudo pode influenciar no aumento da produção, com menor número de perdas de plantas atacadas com a doença, diminuindo o custo de produção, além de menor uso de agroquímicos”, explica Eduardo Fuzitani.
Pesquisas desenvolvidas pela APTA mostram que é possível elevar a produtividade dos bananais ao utilizar técnicas corretas de manejo da cultura. Segundo Erval Rafael Damatto Junior, pesquisador e diretor da APTA Regional de Pariquera-Açu, a média de produtividade nacional é de 14 toneladas por hectare.
“No Vale do Ribeira, a média é maior, de 22 toneladas por hectare. Porém, a partir das nossas pesquisas, verificamos que é possível mais do que dobrar essa produtividade com o uso de técnicas corretas de manejo do solo e nutrição de plantas. Tivemos experimentos que alcançaram até 65 toneladas por hectare”, conta.