segunda, 18 de novembro de 2024
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DHPP vai apurar morte de menino baleado por PM

O Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) vai investigar a versão policial sobre a morte de um menino de 10 anos, que foi baleado na cabeça na noite…

O Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) vai investigar a versão policial sobre a morte de um menino de 10 anos, que foi baleado na cabeça na noite de ontem (2) por policiais militares, na Vila Andrade, zona sul de São Paulo, após uma perseguição de carro.

De acordo com nota da Secretaria de Segurança Pública (SSP), ele e outra criança, de 11 anos, teriam furtado um carro dentro da garagem de um condomínio na região do Morumbi. Policiais perceberam a ação e saíram em perseguição ao veículo, um Daihatsu Terios. Pela versão policial, o menino foi baleado em confronto após ter atirado três vezes contra os policiais com uma arma calibre 38. Os primeiros dois tiros foram dados com o veículo ainda em movimento, antes de o carro bater contra um ônibus e, depois contra um caminhão que estava estacionado, até perder o controle. Um terceiro tiro teria sido disparado pelo menor após as batidas. Vídeos de câmeras de segurança mostram o carro parado, desgovernado, e um policial se aproximando do veículo e atirando.

O outro garoto, de 11 anos, que também estava no veículo, prestou depoimento por duas vezes à polícia. Acompanhado apenas pela mãe, ele relatou à polícia que o outro menino atirou duas vezes contra os policiais e que, depois da batida do carro, disparou novamente, pouco antes de ser baleado e morrer.

Em entrevista coletiva na noite de hoje (3), a diretora do DHPP, Elisabete Sato, disse que pretende fazer a reprodução simulada dos fatos para esclarecer dúvidas sobre a versão policial. Entre elas, sobre o fato de o menino ter abaixado o vidro do carro para atirar e, depois, tê-lo fechado.

Como o vidro era escuro [com insulfilm], o policial, ao atirar, não teria visto que era um menino ao volante. Outra dúvida é saber se o ajuste do banco era compatível com o tamanho da criança. O menino usava uma luva em uma das mãos e a luva deverá ser colhida para avaliar se há resquícios de pólvora.

“O departamento instaurou inquérito policial para apurar todas as circunstâncias e todas as dúvidas que temos com relação a esse fato”, disse a delegada. A polícia vai investigar como a criança dirigiu o carro, abriu e fechou o vidro e atirou: “Tudo isso são questões que vocês têm, nós também temos e que iremos dirimir com perícias vamos pedir”.

Segundo a delegada, o revólver calibre 38 que foi encontrado no carro tinha três cápsulas deflagradas e três balas intactas. A polícia descobriu que a arma foi roubada durante um roubo de carga de cigarro em Jundiaí, em abril do ano passado.

A delegada disse ainda que o DHPP acionou o Conselho Tutelar para enviar um representante para acompanhar o depoimento do menino de 11 anos sobre o caso, o Conselho não quis participar, justificando que a criança já estava acompanhada pela mãe.

De acordo com a delegada, os próximos passos da investigação serão ouvir os motoristas do Samu que prestaram socorro à criança e, novamente, os policiais militares envolvidos no caso. O proprietário do veículo furtado pelas crianças também já prestou depoimento.

Os meninos tinham passagem pela polícia. Segundo a delegada, três registros foram encontrados em ocorrências praticadas pelos dois, juntos, todos eles deste ano: um no dia 31 de janeiro, outro no dia 22 de abril e outro no dia 28 de maio, todos por furtos. Um dos furtos foi em um hotel, onde levaram objetos de um apartamento.

“O menino que estava ao volante e que faleceu vinha de uma família totalmente desestruturada. O pai está preso na penitenciária de Junqueirópolis por tráfico, roubo e falsa identidade. A mãe também tem várias passagens pela polícia e já esteve presa na penitenciária feminina. Não dá para a gente deixar de refletir. Isso não significa dizer que a apuração não será feita da maneira adequada”, disse a delegada.

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