O Palmeiras sofreu para conter Deyverson nesta temporada. O atacante de jeito desengonçado, entrevistas sinceras, expulsões tolas e de choro fácil deu trabalho para a comissão técnica em 2018 pelo temperamento ingênuo.
O jogador porém, poderá extravasar de forma livre neste domingo, se for campeão brasileiro, conquista que seria a primeira da carreira profissional dele.
Deyverson, de 27 anos, passou pelo futebol europeu sem conseguir ganhar taças, nem perder o jeito de ser. “Nós, da família, procuramos conversar com ele, dar conselhos. Ele é muito natural espontâneo. Meu irmão é muito coração. Às vezes, as pessoas não entendem isso direito”, explicou o irmão dele, Anderson Brum.
Conhecido pelo jeito maluco, Deyverson aprontou um bocado em 2018. No clássico com o Corinthians, arrumou confusão por provocar os rivais com uma piscada. Diante do Ceará, acabou expulso no primeiro tempo por uma entrada violenta. Na vitória sobre o Santos, o atacante dava entrevista até ser interrompido por Felipão, temeroso de que na conversa surgisse alguma frase polêmica.
Seu estilo é fruto da origem humilde do bairro Santa Margarida, no Rio. Ainda garoto, precisou ajudar a família vendendo caldo de cana e salgados nas ruas. O futebol é uma paixão herdada do pai, Carlos Roberto, professor de escolinha de futebol, e compartilhada pelo irmão mais velho, Anderson, ex-goleiro. Por pouco Deyverson não seguiu outro caminho: a música.
O pagode é uma outra paixão do atacante. Ao ser apresentado pelo Palmeiras, cantou uma música para comemorar. Meses depois, em outra entrevista, revelou que estava mal porque sofria com uma crise no casamento. Sincero e ingênuo, Deyverson chegou a ficar suspenso ao mesmo tempo de três competições. Na Libertadores o caso foi emblemático: levou vermelho por cativar a torcida.
“O Deyverson é do bem. Às vezes, ele exagera. Foi muito massacrado, não podia nem andar na rua”, afirmou o diretor de futebol Alexandre Mattos. A comissão técnica ainda tenta domar seu jeito explosivo.