Pesquisadores da Universidade Federal do Paraná (UFPR) identificaram duas novas espécies de besouros que têm potencial para auxiliar as autoridades policiais na resolução de crimes. Essas espécies, denominadas Aleochara capitinigra e Aleochara leivasorum, são parasitas das pupas de moscas necrófagas, que se alimentam de cadáveres. Durante o ciclo de vida da mosca, a pupa representa o estágio entre a larva e o inseto adulto.
Os besouros, pertencentes ao gênero Aleochara, desempenham um papel natural como reguladores das populações das moscas necrófagas. Ao encontrar um cadáver, as moscas iniciam o processo de colonização depositando ovos, o que atrai os besouros estudados pelo grupo de pesquisa. Esses besouros, descritos como pequenos, com cerca de 2 a 4 milímetros de comprimento, desempenham um papel crucial na investigação forense.
A presença desses besouros pode fornecer informações valiosas sobre a cena do crime, como o tempo decorrido desde a morte, se houve movimentação do cadáver e até mesmo o tipo de morte, incluindo o uso de substâncias tóxicas. Na ciência forense, a análise dos insetos que participam do processo de decomposição de cadáveres desempenha um papel fundamental em várias situações investigativas.
A descoberta e descrição dessas espécies representam apenas o primeiro passo em um trabalho mais amplo envolvendo estudos forenses. Conhecer a espécie, seu comportamento e habitat contribui para estudos subsequentes. Essas duas novas espécies foram encontradas em áreas de floresta fragmentada próximas a centros urbanos, destacando a importância da conservação da biodiversidade para aplicações forenses e ecológicas.
A Aleochara capitinigra foi descoberta em Rio Branco, capital do Acre, e é reconhecida pela cor preta da cabeça. Enquanto isso, a Aleochara leivasorum, identificada por características específicas do abdome e das peças de cópula, foi encontrada em três cidades paranaenses: Campina Grande do Sul, Ponta Grossa e Tibagi.
Além de seu valor científico, a descoberta dessas espécies destaca a importância de pensar em estratégias para a conservação e uso responsável da biodiversidade. A pesquisadora Bruna Buss ressalta a gratificação em contribuir para o conhecimento da biodiversidade e reconhece o potencial dessas descobertas tanto para fins forenses quanto ecológicos.