O deputado federal Ubiratan Sanderson (PL-RS) vai protocolar, na terça-feira 29, um pedido de impeachment contra o presidente Lula por crime de responsabilidade. Obtido por Oeste nesta segunda-feira 28, o documento menciona declarações do petista durante uma viagem oficial à Luanda, na Angola.
Na sexta-feira 25, Lula disse que o Brasil “deve desculpas” à ex-presidente Dilma Roussef, porque ela foi “caçada de forma leviana”. O presidente se referia ao processo de impeachment que Dilma sofreu em 2016.
“Depois que deixei o governo, houve um golpe no Brasil”, continuou o petista. “Muita gente acha que não foi golpe, mas o fato de a presidente Dilma ter sido absolvida esta semana pelo Tribunal de Brasília [o TRF-1] mostra que o Brasil deve desculpas à presidenta Dilma.”
No documento, Sanderson destacou que a decisão do TRF-1 “não inocentou” Dilma, mas que apenas declarou que, no caso concreto, “não se tratava de improbidade administrativa, mas sim de responsabilidade, reafirmando a competência do Congresso Nacional para julgar os crimes de responsabilidade”.
A deposição da ex-presidente aconteceu sob o guarda-chuva do então presidente do Congresso Nacional, senador Renan Calheiros (MDB-AL), e do então presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ex-ministro Ricardo Lewandowski. Calheiros é aliado de Lula. A petista perdeu o mandato por cometer crimes de responsabilidade fiscal.
“O presidente ataca de forma raivosa, abjeta e contrária à verdade a democracia brasileira, o Congresso Nacional e também o STF”, argumenta Sanderson. “Trata-se de um discurso absolutamente mentiroso, falso em toda sua extensão, que não pode ser aceito por este parlamento.”
O pedido também ressalta que essa não é a primeira vez que Lula trata o impeachment de Dilma como um “golpe de Estado”. O petista fez uma declaração igual durante uma viagem à Argentina em 23 de janeiro deste ano. Na ocasião, Sanderson protocolou o primeiro pedido de deposição do presidente.
Por fim, o deputado mencionou uma publicação feita no site oficial da Empresa Brasileira de Comunicação (EBC). Em 13 de janeiro, o site do governo anunciou a nova diretoria da estatal.
“O ministro da Secretaria de Comunicação Social da Presidência, Paulo Pimenta, indicou também para processo de transição na EBC outras quatro mulheres, que assumirão cargos de assessoria ou gerências: Rita Freire, presidente do Conselho Curador da EBC cassado após o golpe de 2016; Juliana Cézar Nunes, empregada concursada da empresa; e as jornalistas Nicole Briones e Flávia Filipini”, informava o texto.
Conforme noticiou o portal Poder360, em seis meses de governo, Lula já acumulou dez pedidos de impeachment na Câmara dos Deputados.
