domingo, 24 de novembro de 2024
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Deputado filho de França teria feito “acordinho”, diz investigado

Um relatório sigiloso da Polícia Civil de São Paulo, com 212 páginas, detalha a participação de parentes do ex-governador de São Paulo Márcio França (PSB) no suposto esquema de desvio…

Um relatório sigiloso da Polícia Civil de São Paulo, com 212 páginas, detalha a participação de parentes do ex-governador de São Paulo Márcio França (PSB) no suposto esquema de desvio de verbas da saúde, em Santos. As informações são do portal SBT News. Foi com base nesse relatório que a Justiça determinou o cumprimento de 34 mandados de busca e apreensão em 17 cidades. Um dos locais foi a casa do ex-governador, na Ilha Porchat, em São Vicente. Entre os citados na investigação, estão o irmão do ex-governador, o médico Cláudio França, e o filho dele, o deputado estadual Caio França, também do PSB.

De acordo com o relatório, assinado pelos delegados Luiz Ricardo de Lara Dias Júnior e Francisco Antônio Wenceslau Pinas, uma escuta telefônica flagrou um dos investigados, o médico Franklin Cangussu Sampaio, em uma conversa com Cláudio França, em agosto de 2020. Franklin falou sobre um suposto acerto que fez com o deputado Caio França para manter o gerenciamento em um dos Ambulatórios Médicos de Especialidades (AME) de Santos. O esquema envolveria, segundo a investigação, o superfaturamento de contratos entre organizações sociais e empresas que deveriam prestar os serviços na área da saúde. O rombo é de R$ 500 milhões aos cofres públicos.

Na conversa interceptada, o médico afirmou que o deputado é o “líder da saúde na Assembleia” e que já fez um “acordinho” com ele. Franklin Cangussu — que também foi alvo de busca e apreensão — ainda diz que teria recebido resposta de que o parlamentar resolveria o problema. Por ter foro privilegiado, o deputado não foi alvo da operação, porque só pode ser investigado pelo Órgão Especial do Tribunal de Justiça de São Paulo.

A situação do irmão do ex-governador é mais delicada. O médico Cláudio França teve cinco imóveis vasculhados pela polícia na última 4ª feira (5.jan). Os investigadores afirmam que ele atuou diretamente pra manter o esquema de desvio de verba da saúde. O relatório da Polícia Civil afirma que o médico Cleudson Montali, que comandou o esquema de corrupção inicialmente em Araçatuba, no interior, e que já foi condenado pela Justiça a mais de 100 anos de prisão é “testa de ferro” do ex-governador Márcio França.

Os policiais detalharam ligações do ex-governador com o chefe da organização criminosa:

-Os contratos de gestão firmados durante o governo Márcio França beneficiaram o grupo criminoso, em 2018 e 2019;
-Cleudson Montali chegou a ser demitido da diretoria do Departamento de Saúde de Araçatuba, mas foi reconduzido ao cargo por decisão do então governador Márcio França;
-Cleudson Montali ainda fez doações para a campanha de Márcio França ao governo do estado e também na disputa pela prefeitura da capital paulista, em 2020.

Defesa

Procurado, o advogado do ex-governador Márcio França alegou que a operação foi política, não jurídica, e que não há provas ou indícios consistentes. Em uma rede social, França disse que não tem proximidade ou relações comerciais com Cleudson Montali.

A defesa do filho do ex-governador, Caio França, negou qualquer envolvimento com Franklin Cangussu. Os demais citados na reportagem não responderam ao nosso contato.

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