sábado, 15 de novembro de 2025
Pesquisar
Feche esta caixa de pesquisa.

Denúncia de médica formada em Fernandópolis movimenta Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados 

Uma denúncia de que médicos brasileiros teriam sido preteridos no programa Mais Médicos em favor de profissionais cubanos movimentou a Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados. O caso foi levantado em audiência e motivou deputados a solicitarem esclarecimentos ao Ministério da Saúde.

A médica Merabe Muniz, formada em Fernandópolis (SP), relatou na audiência que tentou atuar no município onde residia em 2015, mas as vagas disponíveis acabaram sendo destinadas a médicos cubanos.

Violação de direitos humanos e “trabalho análogo à escravidão”

Os deputados Helio Lopes (PL-RJ) e Allan Garcês (PP-MA) classificaram a denúncia como grave e adiantaram que apresentarão um requerimento conjunto de informação ao governo. O debate na Comissão foi solicitado por Lopes para discutir possíveis violações de direitos humanos no programa, criado em 2013, descontinuado em 2019 e relançado em 2023.

Conselheiros federais de medicina presentes na audiência afirmaram que o modelo de cooperação resultou em exploração de profissionais estrangeiros. A ex-secretária de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde, Mayra Pinheiro, destacou que os médicos cubanos recebiam cerca de R$ 2,9 mil, enquanto a maior parte do valor pago (três quartos) era repassada ao governo de Cuba.

Além disso, os conselheiros apontaram que esses profissionais trabalhavam sob vigilância, tinham documentos retidos e sofriam restrições de locomoção. Por isso, o Conselho Federal de Medicina (CFM) considera a prática como trabalho análogo à escravidão.

Falhas persistiram após reformulação, diz Cremesp

Durante o governo Bolsonaro, o programa foi substituído pelo Médicos pelo Brasil, com o objetivo de criar uma carreira médica permanente para brasileiros e exigir a revalidação de diplomas estrangeiros. No entanto, o presidente do Conselho Regional de Medicina de São Paulo (Cremesp), Angelo Vattimo, informou que a fiscalização da entidade identificou casos semelhantes de atuação irregular de estrangeiros mesmo após a reformulação.

Atualmente, dados do governo indicam que médicos cubanos representam 10% dos mais de 26 mil profissionais do Mais Médicos. Uma auditoria de 2025 apontou falhas no planejamento, gestão de riscos e indicadores insuficientes do programa.

Notícias relacionadas