O estudo que avaliará a demanda de cargas do Aeroporto Moussa Tobias apostará no fato de que o terminal aeroportuário é capaz de gerar negócios além da microregião de Bauru, movimentando também as regiões dos municípios de Presidente Prudente e Araçatuba, a fim de convencer o Estado da necessidade de investir no local para transformá-lo em um terminal cargueiro.
A pesquisa encontra-se em fase inicial e está sendo coordenada pelo Data-Ite com a participação de diversas entidades, como o grupo Pró-Bauru, Conselho Regional de Economia (Corecon), Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Ciesp), entre outras. O estudo foi um pedido feito pelo secretário estadual dos Transportes, Mauro Arce, à comitiva de autoridades que se dirigiu ao órgão para solicitar que o Moussa Tobias torne-se um aeroporto de cargas, pedido que atualmente ainda aguarda homologação de órgãos como a Vigilância Sanitária.
Na mesma ocasião, Arce ressaltou ser fundamental que o estudo seja incluído no Plano Aeroportuário em análise junto à Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), para ser agregado às vantagens de logística e baixo custo de implantação do projeto. Conforme o secretário, o novo aeroporto de Bauru foi mantido como alternativa à proposta de transformação em equipamento de carga junto com o de São José do Rio Preto e de Ribeirão Preto, mas é o estudo de demanda que vai permitir que a proposta avance com maior rapidez junto ao Estado e, sobretudo, o poder concedente, a União.
“Se há demanda de carga, o projeto torna-se muito mais fácil de ser viabilizado do ponto de vista operacional. E se a região apresentar também investidores e empresários que pretendem atuar em armazém para cargas, o Estado abre concessão. O principal ponto é demanda”, salientou Arce durante a reunião.
O coordenador do Data-Ite, o economista Reinaldo Cafeo, ressaltou que o estudo ainda encontra-se na fase de definição de metodologia e critérios a serem utilizados para sua realização. No entanto, ele adiantou que a pesquisa levará em consideração não só a demanda existente para o aeroporto, mas principalmente a potencial. “Há dois momentos a serem analisados: o da demanda existente e o potencial de demanda, que é uma investigação do que a região poderá desenvolver a longo prazo. Com 10% do que Ribeirão Preto investirá para viabilizar o aeroporto, acreditamos que a região vire grande alternativa ao aeroporto de cargas”, estima Cafeo.
Para o economista, a demanda potencial do Moussa Tobias é um “trunfo”. “Ela será o grande trunfo que teremos em mãos para demonstrarmos que com esse potencial de demanda o investimento feito agora terá resultados nos próximos anos. E tendo Araçatuba e Prudente também como referência, é possível atingir o Paraná e Mato Grosso, enquanto o aeroporto de Ribeirão Preto limitaria-se à sua região e a de Minas Gerais”, analisa.
Cafeo revela, ainda, que um estudo já feito pelo Data-Ite na região também será útil à pesquisa para avaliar a demanda do aeroporto. “O trabalho mais forte já feito pelo Data-Ite na região, que já é um ponto de partida para sabermos quais os setores que temos mais especialização, foi o de clusters, que são os arranjos de empresas semelhantes, como os de baterias. Fizemos no ano passado não para essa finalidade, mas para identificarmos como estava composto o arranjo econômico da região. A partir disso, imaginamos trabalhar metodologicamente por aí, identificando arranjos e seu potencial de crescimento e o que disso pode se tornar em produtos exportáveis e importáveis, dando vida ao aeroporto”, enfatiza.
Por fim, o economista esclarece que a intenção é concluir o estudo ainda este ano. “Se dependesse só de Bauru, no máximo entre 45 a 60 dias estaríamos com ele concretizado, mas estamos dependendo de articulações em Prudente e Araçatuba. A idéia é terminarmos esse ano para não perdermos a possibilidade de mostrarmos esse potencial ao governo estadual”, finaliza Cafeo.