Em decorrência do decreto emergencial assinado na última quarta-feira pelo secretário do Meio Ambiente do Estado de São Paulo, José Goldemberg, que proíbe temporariamente a queima da palha da cana-de-açúcar em lavouras paulistas, as usinas serão obrigadas a diminuir sua produção e investir quase que o dobro, na mão-de-obra de seus funcionários.
A medida, adotada por causa da baixa umidade relativa do ar e do crítico período de estiagem que o Estado vive no momento, será válida até que as condições meteorológicas se normalizem, o que é esperado com o retorno das chuvas.
No entanto, como a produção não pode parar, o gerente técnico agrícola da Usina Petribu (instalada no município de Sebastianópolis do Sul), Geancarlo Batista Domingo, afirma que a cana terá que ser colhida crua de agora em diante, com o auxílio de duas máquinas que a empresa já possui e com o trabalho dos cortadores contratados.
“Além de diminuir a nossa produção, tivemos que aumentar o salário dos nossos funcionários, porque o corte da cana crua é mais difícil e castiga muito mais os trabalhadores”, explica.
Em contrapartida, Domingo conclui que provavelmente a queda da produção das usinas paulistas acarretará no aumento do valor pago nos postos de combustíveis pelo álcool.
O gerente técnico ainda destacou que apesar dos prejuízos para empresa, as normas serão seguidas, até que as condições meteorológicas melhorem e a queimada possa ser feita novamente, de acordo com as leis que a regulariza.
Fuligens
Um grande impasse entre as usinas e os municípios vizinhos a elas, é justamente a queima da cana, que leva até a casa de muitas pessoas, a indesejada e incomoda fuligem – partículas sólidas das palhas de cana queimadas.
Por outro lado, “legislativamente falando”, as empresas deste setor seguem normas e algumas orientações para diminuir a produção das fuligens, mas não têm como impedir que elas percorram alguns quilômetros, chegando até as residências das cidades vizinhas, como é o caso de Votuporanga.
Sobre o impasse, Domingo disse que o Estado de São Paulo, em comparação a outros Estados na União, possui uma legislação ambiental muito mais desenvolvida.
“A queima da palha da cana é garantida por lei, mas nós temos até 2021 para acabar com esta prática, por meio de uma diminuição gradual. A substituição dela (queima) está sendo feita através da colheita manual e mecanizável”.
Ele citou que conforme a lei, anualmente uma porcentagem da plantação não pode ser queimada. “Neste ano 30% da lavoura está sendo colhida crua, ou seja, sem a queima. Desta forma e neste ritmo, até 2011, só metade da área será queimada, passando para apenas 20% em 2016 e colhida totalmente crua em 2021”, destacou.