O primeiro debate do segundo turno em Minas Gerais, realizado pela TV Bandeirantes nesta quinta (18), opôs as trajetórias e estratégias de Antonio Anastasia (PSDB) e Romeu Zema (Novo).
Zema, que é empresário e disputa a primeira eleição, se apresentou como um novato disposto a aprender e condenou políticos tradicionais, como Anastasia. “Estou aqui porque acredito em mudanças que os mesmos políticos de sempre não serão capazes de conduzir”, disse.
Romeu Zema (Novo) durante debate na Band no primeiro turno Carolina Linhares/Folhapress Romeu Zema (Novo) à frente e Antonio Anastasia (PSDB) ao fundo, posicionados para debate da Rede Bandeirantes para o governo de Minas Gerais O senador e ex-governador, por sua vez, apontou a inexperiência de Zema e afirmou ser um político técnico. “Atuo há 35 anos como servidor público, entrei na política pela porta técnica, não sou de família política e não fiz fortuna”, afirmou. Zema terminou o primeiro turno à frente de Anastasia e aparece com larga vantagem sobre o adversário em pesquisa Datafolha desta quinta: 71% dos votos válidos contra 29%.
Em dois momentos, o tucano alfinetou Zema por nunca ter exercido cargo público. Quando o empresário disse que Anastasia criou cargos em vez de reduzi-los em seu governo, o senador disse que Zema “não conhece a história administrativa de Minas, não tem conhecimento e preparo”. “A inexperiência leva a conclusão equivocada”, completou.
Quando Zema o questionou sobre ter votado a favor de um projeto de lei que supostamente reduzia penas, Anastasia afirmou que o tema da proposta era outro e que o empresário não entendia o trâmite legislativo. “Tem que estudar um pouco mais”, recomendou o tucano com ironia.
O empresário, por sua vez, admitiu ter dito no ano passado que não se sentia preparado para governar o estado, mas disse ter revisto sua posição diante da crise econômica que, segundo ele, foi causada por políticos. “Vi que temos participar ou quem vai participar é quem não deveria”, afirmou.
Também usou seu desconhecimento a seu favor ao perguntar para Anastasia sobre a Funed, fundação estatal de pesquisa e produção de remédios, antes que fosse perguntado sobre o tema. Na quarta (17), em entrevista ao vivo ao portal G1, Zema foi questionado sobre planos para a Funed e disse não saber o que era o órgão.
“Vejo que de ontem para hoje, Zema estudou bem a Funed”, disse Anastasia. “Eu não conhecia a Funed, mas sou bem esforçado e disciplinado”, respondeu Zema, para emendar que o órgão tem fábrica parada e é um cabide de empregos. “Não quero desprestigiar instituições, quero fortalecê-las”, rebateu o tucano, ressaltando a importância da produção de medicamentos.
PRIVATIZAÇÕES
Algumas propostas aproximam os candidatos, como corte de cargos comissionados e secretarias. Os dois também afirmaram não ser possível reduzir impostos ao assumir o governo, pois o estado enfrenta grave crise financeira.
Eles divergiram, contudo, sobre o funcionamento de hospitais regionais cujas obras estão paradas. Anastasia quer buscar recursos junto ao governo federal para operar os hospitais públicos. Já Zema pretende atrair entidades e parcerias para torná-los privados, mas com 40% de leitos para o SUS.
O candidato do PSDB criticou a posição privatista de Zema. “Ele tem na sua essência a privatização, a venda de empresas do estado. Minas Gerais não está à venda”, disse.
Zema, porém, já reviu a sua proposta de privatizar a universidade estadual e empresas estatais, como Cemig e Copasa. O candidato retirou as propostas do plano de governo.
“Privatizar agora seria um péssimo negócio, pois as empresas estão com valor baixo no mercado. Queremos que sejam profissionalizadas e melhorem o serviço. E quem sabe mais adiante possam ser privatizadas”, disse Zema.
Anastasia o chamou de “errante” por mudar de opinião a cada hora. “Somos humildes o suficiente para rever ponto de vista, o mundo é dinâmico. Políticos de sempre estão com ideias congeladas há décadas”, rebateu o empresário.
O tucano ainda questionou Zema pela proposta do empresário de só pagar o salário próprio e dos secretários após todos os servidores estarem com o pagamento em dia —o governo de Minas, de Fernando Pimentel (PT), que ficou em terceiro lugar, parcela salários dos funcionários desde 2016.
“Não sou milionário como o senhor. Os secretários serão todos milionários? Governo de ricos só pensa em pessoas ricas. O governador deve ter sensibilidade com os mais humildes”, afirmou.
Por outro lado, Zema enfatizou estar sendo vítima de fake news disseminadas pela campanha de Anastasia. “Isso não parece coisa do sr. Quem está conduzindo sua campanha são Aécio e Andrea Neves?”, questionou o empresário. Com informações da Folhapress.