Nunca na história das disputas para a prefeitura de São Paulo uma campanha está tão nacionalizada como em 2016.
Com o Impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT) como pano de fundo, os candidatos estão precisando responder acusações dos adversários sobre a crise econômica do País, além de denúncias envolvendo seus padrinhos políticos na disputa. As propostas, mais uma vez, ficaram em um segundo plano durante o evento.Neste domingo, os candidatos se reuniram na TV Gazeta para o terceiro debate desta campanha, realizado em parceria com o Estadão e o Twitter. Não faltaram assuntos polêmicos durante as 2h30 de transmissão.
A denúncia contra o ex-presidente Lula, as propostas trabalhistas do governo Temer, o afastamento em definitivo de Dilma e a Operação Lava Jato foram utilizados diversas vezes para desestabilizar o adversário. O prefeito Fernando Haddad (PT), que concorre à reeleição, precisou responder pelo menos três vezes sobre sua relação com Lula, que foi denunciado na semana passado pelo Ministério Público Federal (MPF) por envolvimento na Operação Lava Jato.
Logo na primeira pergunta, Haddad precisou responder por que sua campanha não traz figuras conhecidas petistas e se o candidato teria medo de o partido contaminar suas chances na disputa pela reeleição.
Na resposta, Haddad disse que era um político coerente e que nunca havia mudado de partido – mesmo após as denúncias contra o PT. “Se alguém aqui é coerente sou eu, porque nunca mudei de partido nos últimos 30 anos. Fui responsável pela criação do Prouni no governo Lula e continuo do mesmo lado”, argumentou.
A candidata do PSOL, Luiza Erundina, fez uma defesa em umas das respostas ao trabalho da Lava Jato. Ela disse que é preciso preservar as investigações, mas disse que a defesa de Lula não é problema do PSOL. “A defesa de Lula é uma questão que diz respeito ao Partido dos Trabalhadores”, afirmou.
Temer
A tática de Haddad foi associar a adversária Marta Suplicy (PMDB) – que aparece em segundo nas pesquisas com 21% das intenções de voto – ao governo Michel Temer. O candidato do PT questiou as propostas do novo governo federal que quer elevar a idade mínia para a aposentadoria, além de implementar a PEC do Teto dos Gastos.
As propostas de Temer para a reforma trabalhista também esquentaram o tom entre Marta e Celso Russomano(PRB). Quando perguntada sobre a permissão de 12 horas do limite de jornada, Marta fez questão de citar que o ministro do Trabalho, Ronaldo Nogueira, faz parte da coligação de Russomano. “O presidente Michel Temer não encampou a jornada de 12 horas de trabalho. Quem fez a proposta foi o ministro do Trabalho, que é do partido do Russomanno.”
O candidato do PRB rebateu: “Eu disse que sou contra o aumento da jornada de trabalho. Acho que precisamos de reformas, mas quem tem que falar com o presidente é a candidata Marta, que é do partido dele.
Alckmin e FHC
Nem mesmo os caciques do PSDB foram esquecidos durante o debate. Em uma de suas defesas ao ex-presidente Lula, Haddad disse que Fernando Henrique Cardoso “foi um dos piores presidentes da história”. João Doria, do PSDB, saiu em defesa do padrinho e afirmou que a diferença de Lula e FHC é que o tucano é “honesto”.O momento mais tenso foi quando Doria tentou defender a gestão do governador Geraldo Alckmin (PSDB). Criticado por Haddad pela falta de segurança e por parceria com a prefeitura, o candidato tucano saiu em defesa do amigo.
Bastidores
Na plateia, os apoiadores dos candidatos compareceram em peso ao debate. Geraldo Alckmin, inclusive, estava por lá. Em um dos intervalos, foi confrontado pelo ex-senador Eduardo Suplicy(PT). Horas antes do debate, Suplicy compareceu ao protesto contra o governo Temer, na Avenida Paulista. A Polícia Militar tentou dispersar o protesto utilizando spray de pimenta. Suplicy foi atingido por um dos jatos e tentou questionar o governador sobre a ação da polícia.
O governador cumprimentou Suplicy, mas não comentou o caso. Na volta do intervalo, ninguém encontrava Geraldo Alckmin. Foi embora.