quinta, 14 de novembro de 2024
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Daesp privatiza terminal antes de definir aeroporto

Mesmo com o projeto de implantação do aeroporto internacional de Ribeirão Preto apenas no papel, o Daesp (Departamento Aeroviário do Estado de São Paulo) já tem contrato de concessão para…

Mesmo com o projeto de implantação do aeroporto internacional de Ribeirão Preto apenas no papel, o Daesp (Departamento Aeroviário do Estado de São Paulo) já tem contrato de concessão para iniciativa privada de seu terminal de cargas. No papel, a concessão, de 2004, diz que o terminal internacional fica dentro do Leite Lopes.
A implantação do aeroporto internacional é discutida entre Daesp e Ministério Público. O Daesp quer que o novo aeroporto seja construído onde está o Leite Lopes, mas o promotor do Meio Ambiente, Marcelo Pedroso Goulart, acha que a área é a pior das sete analisadas. Sertãozinho e Jardinópolis estão na disputa.
O superintendente do Daesp, Ricardo Volpi, esteve em Ribeirão ontem para apresentar ao Ministério Público uma versão reformulada do EIA-Rima (Estudo de Impacto Ambiental e Relatório de Impacto Ambiental). A nova versão apontou novamente a área do aeroporto Leite Lopes como a ideal para sediar o aeroporto internacional.
Ontem, o Ministério Público anunciou que pode instalar investigação e até de ação civil pública contra o Daesp se o órgão insistir em instalar o aeroporto internacional na área do Leite Lopes.
Volpi, em entrevista exclusiva à Gazeta de Ribeirão, informou que o contrato de concessão do terminal de cargas foi fechado em 2004 com a empresa Tead Terminais Aduaneiros do Brasil. A área fica dentro do Leite Lopes, mas hoje não está sendo utilizada pela empresa.
A empresa receberá todas as taxas pagas pelos usuários. Em troca da concessão, a empresa pagará um percentual ao Daesp. A empresa, que é de São Paulo, tem como superintendente o ex-presidente da Varig Rubel Thomas. A Tead também deverá fechar contrato para assumir o terminal de cargas dos outros dois aeroportos que formarão o corredor de exportação do Estado, Bauru e Rio Preto.
Goulart disse após a apresentação que, se preciso, entra com ação civil pública para evitar o que chamou de “crime urbanístico e ambiental.”
Segundo o geógrafo especializado em Meio Ambiente e aeroportos Denis Tomás, que atua como assistente do Ministério Público em São Paulo, todos os aspectos ruins relacionados à atividade aeroportuária de Congonhas irão se repetir em Ribeirão se o Leite Lopes for ampliado. “Todo o pontencial de acidente aéreo, os problemas de ruído e até a limitação do horário para os vôos em consideração à vizinhança também acontecerão em Ribeirão. A pergunta é: Ribeirão quer ter um aeroporto de Congonhas?”, questionou Tomás.
Após a exposição do EIA-Rima reformulado, os técnicos do MP criticaram a postura do Daesp com relação as seis áreas alternativas apresentadas em Ribeirão e na região.
Ontem a Promotoria do Meio Ambiente divulgou uma carta protocolada pelo ex-secretário municipal da Infra-Estrutura da Administração Jábali José Augusto Corsini Monteiro de Barros, engenheiro especializado em estrutura aeroportuária.
No documento, Monteiro de Barros afirma suspeitar que o Estado tem como objetivo a privatização do aeroporto. Pedroso Goulart disse que encaminhará a carta de Monteiro Barros para apuração da Promotoria da Cidadania.
A Tead, com sede em Sâo Paulo, foi procurada ontem pela reportagem, mas a empresa está em férias coletivas.

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