“O porteiro nunca poderá subestimar esses indivíduos.” Essa é a frase que fecha o item “Moradores homossexuais” da apostila do “Curso de Segurança Patrimonial”, assinado pela empresa administradora de bens carioca BCF.
O risco, porém, segundo a apostila, não são os próprios “moradores homossexuais”, já que “isso faz parte da sua privacidade”. “O que importa às regras de segurança do prédio são os visitantes do morador homossexual”, afirma a cartilha, distribuída esta semana para moradores do edifício Palazzo Dei Visconti, em Botafogo, Zona Sul do Rio de Janeiro.
Na capa da apostila, a empresa apresenta um palestrante identificado como “Comissário de Polícia”, “Consultor de Segurança Privada” e “Bacharel em Direito”, além de outros predicados. A coordenação do curso é assinada por uma funcionária de Recursos Humanos da empresa BCF. O item “Moradores homossexuais” faz parte do capítulo “Prevenção”, um dos 7 itens da apostila.
“É frequente os moradores homossexuais serem vítimas de latrocínios, assassinatos, roubos, furtos, lesões corporais dolosas, cujos autores são sempre seus amigos e que, na maioria das vezes, ficam sempre no anonimato”, afirmam. “Além de colocar em risco o próprio homossexual, esse amigo é quase sempre oriundo ou tem ligações com o submundo do crime e, em algumas situações, pertence a alguma quadrilha de criminosos.”