A Federação Paulista de Futebol (FPF) quer aumentar o número de árbitras atuando no Estado. Para isso, decidiu criar uma sala exclusiva para mulheres no próximo curso que vai oferecer, em setembro.
A segmentação está dando resultado. Desde segunda-feira, quando as inscrições foram abertas, 20 mulheres já mostraram interesse na carreira. Esse número já é maior a média do curso anterior quando apenas sete procuraram a entidade após um mês de inscrições. Para atrair as candidatas, a entidade fez uma campanha de comunicação dirigida para mulheres nas redes sociais com a figura da assistente Tatiana Camargo, que atuou no Mundial da França.
Os números são modestos, mas refletem a falta de árbitras no futebol paulista. De acordo com a federação, dos 500 árbitros que atuam atualmente, apenas 14 são mulheres: cinco apitam e nove são assistentes. “Buscamos algo diferente para tentar motivar esse grupo. A gente tinha um pouco de dificuldade para captar candidatas a árbitras. O número sempre oscilava entre 7% e 8% do total”, explica Carlos Augusto Nogueira Jr, diretor Escola de Árbitros Flávio Iazetti (Eafi) da FPF.
O cenário nacional não é diferente no que se refere à escassez de árbitras. No mês de maio, Edina Alves Batista se tornou a primeira mulher a apitar uma partida da Série A do Campeonato Brasileiro desde 2005.
O curso oferece 50 vagas para homens e 50 para mulheres. O conteúdo é o mesmo, com exigências físicas e técnicas. Entre os pré-requisitos está apenas o grau de escolaridade. É preciso estar ter concluído o Ensino Médio ou estar cursando o 3º ano. Não existe uma meta específica de captação de novas árbitras. “Quanto mais, melhor. Para conseguir qualidade, a gente precisa de quantidade”, explica o diretor.
As árbitras vão apitar prioritariamente jogos do Campeonato Paulista Feminino, de acordo com a diretriz aplicada pela Fifa no Mundial da França, por exemplo, mas não há obrigatoriedade. As mulheres podem atuar no masculino assim como os homens podem apitar jogos do feminino.
Embora o curso não tenha limite de idade, a atividade possui algumas restrições, pois o árbitro encerra sua carreira 45 anos. Além disso, o árbitro não possui registro em carteira, como outras categorias. Ele trabalha como autônomo e recebe remuneração por partida. No caso dos árbitros internacionais, a remuneração é feita pelo torneio todo. Por isso, 90% dos árbitros paulistas possuem outra atividade remunerada. Os árbitros da CBF ganham cerca de R$ 2.900 num jogo da Série A e R$ 1.000 na Série D. Já os assistentes recebem cerca de 60% da remuneração dos árbitros.
Logo após o curso, o árbitro faz estágios nas categorias sub-11 e sub-13 do Campeonato Paulista. No final, ele recebe o diploma e pode ser inscrito no quadro da federação. Com o acompanhamento da área de Desenvolvimento da Arbitragem, com avaliações técnicas e físicas, ele vai ascendendo. O ápice da atividade, como trabalhar na Série A do Campeonato Brasileiro, costuma ser atingido em sete ou oito anos.