sexta, 22 de novembro de 2024
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Culto prega a abstinência de sexo e beijo na boca antes do casamento

Culto prega a abstinência total: nada de sexo, nem beijo na boca antes do casamento. Os seguidores se chamam de príncipes e princesas e se inspiram no exemplo das filhas…

Culto prega a abstinência total: nada de sexo, nem beijo na boca antes do casamento. Os seguidores se chamam de príncipes e princesas e se inspiram no exemplo das filhas de uma cantora famosa.

Nenhuma mulher pode saber o que se passa atrás da porta. As 50 pessoas lá dentro são homens. Esse é o culto dos príncipes.

“Muita gente fala assim, esse nome príncipe, meio esquisito, um monte de macho junto. Um bando de homem junto”, diz o pastor no culto.

O que eles ouvem lá é quase uma aula sobre como tratar uma mulher.

“Quase todo mundo é solteiro, então você está à procura da sua costela perdida, meu camarada”, fala o pastor no encontro.

A regra básica é que príncipes não encostem na mulher antes do casamento.

“O homem que gosta de mulher, de verdade, quer muito mais do que somente fazer sexo com ela, porque ele gosta do pacote completo”, diz o pastor no culto.

“Todo homem, todo ser humano é tentado. Entretanto existe a decisão”, ressaltou Valmir Magalhães, avaliador de penhor.

“Eu quero fazer isso depois do casamento, com a pessoa certa, escolhida por Deus para mim”, contou Leandro Macedo, de 23 anos.

Um beijo pode ser uma tentação.

“Se você beijar na boca de língua, vai acontecer alguma coisa. Vai acender um fogo que talvez você não consiga apagar”, alertou o pastor.

Claudio Brinco é missionário da igreja e casado há sete anos com Nãna Shara.

“Quando eu conheci a Nana eu era do mundão, posso dizer que eu era da pá virada, cachorrão mesmo, pegava geral. Aí quando eu encontrei a Nana pensei assim: essa vai ser mais uma. Aí ela falou para mim: comigo não, meu irmão, sexo comigo só depois do casamento”, contou ele.

“Nós ficamos um ano e oito meses nos guardando, sem ter sexo, até nos casar”, acrescentou Nãna.

No meio da entrevista, uma interrupção.

“Se você quiser de repente, eu posso entrar e abraçar eles. Você fecha a câmera neles?”, perguntou Sara Sheeva ao câmera. “Fica aí sentada, Nana. É melhor chegar por esse lado”, continuou ela.

Sara Sheeva é irmã de Nana Shara e cunhada de Claudio. Quem inventou essa história toda foi ela. Faz um ano que ela faz o culto das princesas, a versão feminina do culto dos príncipes. Elas já tem até grito de guerra- “Eu sou princesa, eu sou princesa, fora cachorrada”.

Sara Sheeva age como a cabeça de toda a equipe. Mesmo com toda a habilidade performática, ela diz que deixou de ser artista.

“Eu tenho no meu primeiro CD uma música chamada eu não sou estrela. E ela fala assim: ‘eu não sou estrela. A única estrela é Jesus’”, contou Sara.

Durante anos, Sara Sheeva, Nana Shara e mais a irmã das duas, Zabelê, tiveram um grupo pop, chamado SNZ. Tocaram no Rock in Rio e eram chamadas para tudo.

Ela diz que hoje mudou muito.

“Antes de me converter eu era ninfo e hoje eu já tenho mais de dez anos de abstinência sexual”, completou.

Na igreja, Claudio usa um tablet com capa cor de rosa onde está o roteiro do culto, escrito por Sara Sheeva.

O roteiro é o mesmo que ela usa no culto das princesas, mas adaptado para homens.

“Os príncipes não são homens que saem dando em cima de qualquer uma, que estão atrás de mulher só para pegar uma noite. Isso não é coisa de príncipe, isso é coisa de cachorro”, explicou Sara.

A antropóloga Cristina Vital diz que o sucesso do culto dos príncipes e das princesas é um movimento que ganha força.

“A juventude hoje em dia, e são varias pesquisas que falam sobre isso, não é só a juventude que está quebrando modelos, é uma juventude que busca segurança. Busca segurança no casamento”, afirmou ela.

A juventude de Sara Sheeva e Nana Shara foi bem diferente da juventude dos pais delas, Baby do Brasil e Pepeu Gomes. Os dois e mais 25 pessoas moravam em um sítio, no Rio de Janeiro, quando faziam parte da banda Os Novos Baianos.

Na década de 70, Os Novos Baianos fizeram alguns dos melhores discos da história da música brasileira. Muitas canções nasceram nesse sítio, que era conhecido por ser anárquico em meio a ditadura.

Em uma entrevista, Baby disse que resolveu mudar do sítio muito por causa das crianças.

“A gente não pode misturar as crianças com uma zoada porque senão as crianças ficam muito loucas e querem ir para todo lugar com a gente”, contou Baby.

Hoje, Pepeu Gomes vê diferenças nas gerações.

“A gente era totalmente a favor da liberdade, a gente queria viver o amor na sua maior intensidade. O sexo era uma coisa livre, o namoro era uma coisa livre. Então não existia um namoro sem beijo na boca”, lembrou Pepeu.

Baby, que hoje é evangélica, defende a opção dos filhos.

“Elas são fruto de pais que deram a liberdade para elas fazerem o que elas estão fazendo. Não foi imposto. Elas estão encontrando isso como uma opção de liberdade para elas. Elas estão se sentindo confortáveis nisso. Isso é maravilhoso. Eu mesmo não transo há13 anos. Muito louco”, relatou Baby.

A ideia dos filhos dos Novos Baianos é depois de formados príncipes e princesas, juntar todos em um grande evento.

“O meu sonho era fazer o culto dos príncipes e das princesas em Nova York, em frente ao Central Park, imagina só. Mas o sonho da Sara é fazer no Maracanãzinho”, contou o marido de Nana.

“Ali nós unimos as mensagens e promovemos comunhão, para as pessoas se conhecerem de uma forma saudável e tratada. Com o coração modificado”, destacou Sara.

Eles querem ver príncipes e princesas casando e o começo de uma nova cultura.

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