Na América Latina e no Caribe, apenas Cuba atingiu os seis objetivos de Educação para Todos da UNESCO no período 2000-2015, informou nesta quinta-feira a Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura.
Quinze anos após o lançamento, em Dakar, da iniciativa Educação para Todos, a missão fixada pela UNESCO não foi cumprida, apesar de alguns progressos.
“Apenas um a cada três países do mundo atingiu a totalidade dos objetivos mensuráveis da Educação para Todos (EPT) estabelecidos no ano 2000”, destaca o relatório de acompanhamento do programa, assinalando que “na América Latina e no Caribe, Cuba foi a única nação a cumprir estes objetivos”.
O principal objetivo – a escolarização universal de todas as crianças em idade de cursar o ensino fundamental – foi atingido por apenas a metade dos países, tanto na América Latina como em todo o mundo, destacou a UNESCO, um mês antes do Fórum Mundial de Educação em Incheon, na Coreia do Sul.
“Mas em todo o mundo foram registrados progressos impressionantes”, destacou a diretora-geral da UNESCO, Irina Bokova. “Conseguimos o ingresso no ensino fundamental de milhões de crianças que não estariam lá se persistissem as tendências predominantes na década de 90”.
“Para que a universalização da educação chegue a ser uma realidade, é necessário adotar estratégias específicas e financiá-las adequadamente para dar prioridade às crianças mais pobres, especialmente às meninas, visando melhorar a qualidade do ensino e reduzir as diferenças no grau de alfabetização”, acrescentou Bokova.
O relatório assinala que serão necessários 22 bilhões de dólares anuais para completar as contribuições previstas pelos governos visando garantir o sucesso dos novos objetivos em matéria de educação para o período 2015-2030.
– Persistem evasão escolar e analfabetismo na América Latina –
Segundo o relatório, mais da metade dos países da região conseguiram a universalização do ensino fundamental, “mas ainda há 3,7 milhões de crianças sem escolarização”.
“Mais de um quinto dos alunos do ensino fundamental da região abandonam a escola antes de terminar este ciclo de aprendizado” e esta situação “não sofreu qualquer mudança desde 1999”.
“Os índices de analfabetismo caíram em 26% em toda a região, um percentual muito distante dos 50% previstos neste objetivo”, assinala a UNESCO, que estima que apenas Bolívia, Peru e Suriname “vão atingir a meta estabelecida”.
A UNESCO estima em 33 milhões o número de adultos “que carecem de conhecimentos básicos de leitura e escrita” na América Latina, “sendo 55% mulheres”.
O relatório emite uma série de recomendações, entre elas a obrigação de se “cursar um ano de ensino pré-escolar no mínimo”, uma “educação gratuita que deve abranger cadernos, livros, uniformes e transporte escolar”, a aplicação dos “convênios internacionais sobre idade mínima” para o trabalho, a adequação das políticas de alfabetização às “necessidades das comunidades” e a redução das “disparidades de gênero em todos os níveis”.