sábado, 23 de novembro de 2024
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Criolo: pandemia nunca vai acabar para quem perdeu ente querido

É só falar sobre a irmã que os olhos do rapper Criolo já se enchem de lágrimas e ele mal consegue continuar a conversa. Há quatro meses, a professora da…

É só falar sobre a irmã que os olhos do rapper Criolo já se enchem de lágrimas e ele mal consegue continuar a conversa. Há quatro meses, a professora da rede pública Cleane Gomes, de 39 anos, morreu vítima da covid-19 em São Paulo. “A pandemia nunca vai acabar para quem perdeu um ente querido”, afirmou o artista ao Estadão.

“Nunca vai acabar para aqueles que entendem as negligências oferecidas ao nosso povo, principalmente, às camadas mais frágeis do nosso País. Essas marcas ficam para sempre. Essas fraturas emocionais ficam para sempre”, continua. Para lidar com a dor e a revolta, ele novamente recorreu ao talento musical. A canção Cleane foi lançada no fim de setembro, em parceria com a Tropkillaz. “Que a arte possa sempre nos visitar.”

Nos versos, ele quer dar voz e afago a milhares de famílias que sofreram perdas na crise sanitária, especialmente as mais vulneráveis. “Quem é de favela, sempre isolamento. / Dos sonhos que tenho, distanciamento”, dizem os versos.

Criolo descreve Cleane como sensível, atenta, cheia de vontade de viver, com gosto musical que ia de Milton Nascimento a Racionais MCs. Também era fã das palavras: fazia a revisão dos textos da mãe, a poetisa Maria Vilani, e dava aulas de Literatura na rede estadual paulista. Mais exatamente no Grajaú, na periferia da capital. “A gente dividia muito sobre como é a luta no extremo sul da zona sul, como é a luta de uma mãe solo, periférica, no extremo de uma periferia e os sonhos e desejos que se mantêm vivos”, diz Criolo.

Com problemas respiratórios, ela convivia com o receio de morrer em decorrência da covid. “Tinha muito medo desde o início. O que seria dela? O que seria do filho dela?”, lembra o irmão famoso, sobre o sobrinho Vitinho, de 14 anos.

Para a família e os alunos, ficaram as lições que ela ainda inspira. “Sempre plantava essa sementinha que podemos repensar, de que modo podemos enxergar tudo que está ao nosso redor”, conta Criolo. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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