Os bancos vão registrar, este ano, a primeira queda no saldo das operações de crédito, na série histórica do Banco Central (BC), iniciada em março de 2007.
De acordo com projeções divulgadas hoje (28), em Brasília, pelo BC, o crédito deve recuar 2% este ano. Em junho, a expectativa ainda era de crescimento de 1%, mas, com os resultados dos meses seguintes, o BC teve que revisar a projeção.
Em agosto deste ano, o saldo do crédito ficou em R$ 3,115 trilhões, resultado estável em relação a julho. Na comparação com agosto de 2015, houve queda de 0,6%. O recuo chegou a 3,2% na comparação com agosto deste ano com dezembro de 2015.
Segundo o chefe do Departamento Econômico do BC, Tulio Maciel, o recuo no crédito é influenciado pela queda da atividade econômica, da confiança dos empresários e consumidores e pela alta das taxas de juros. Entretanto, Maciel disse que há sinais de que haverá melhora na atividade econômica, mas o crédito não deve voltar a crescer no mesmo ritmo.
“Neste momento, o crédito não irá liderar o processo de reação, mas poderá contribuir. Há alguns sinais nesse sentido. Para 2017, [ainda] não temos projeções, mas a perspectiva é bem mais favorável do que foi em 2016”, disse. Em 2015, o crédito cresceu 6,7% e em 2014, 11,3%.
Saldo do crédito
Em relação ao Produto Interno Bruto (PIB), soma de todos os bens e serviços produzidos no país, o saldo do crédito deve corresponder a 51%. A previsão anterior era de 52% do PIB. Em 2015, o saldo do crédito foi de 54,5% do PIB.
O BC também divulgou a projeção para a queda do crédito livre, em que os bancos têm autonomia para aplicar o dinheiro captado no mercado e definir as taxas de juros. Nesse caso, o recuo será de 5%, ante a previsão anterior de queda de 1%.
No caso do crédito direcionado (empréstimos com regras definidas pelo governo, destinados, basicamente, aos setores habitacional, rural e de infraestrutura) a projeção de crescimento passou de 3% em junho para a estimativa atual de 1%.
No segmento dos bancos públicos, o crédito deve cair 1%, ante a previsão anterior de crescimento de 4%.
Os bancos privados nacionais devem apresentar crescimento no saldo do crédito de 2%, contra a estimativa de queda 4%, divulgada em junho. No caso dos bancos privados estrangeiros a projeção passou de crescimento de 1% para queda de 16%.
Essas mudanças nas estimativas dos bancos privados nacionais e estrangeiros foram influenciadas pela compra do HSBC, que era estrangeiro, pelo Bradesco, um banco nacional.