Usuários de drogas têm tomado conta de ruas e prédios abandonados da área central e também de bairros em São José do Rio Preto (SP). A famosa cracolândia tem ganhado cada vez mais moradores em situação de rua e traficantes.
Andar pelas ruas da cidade tem se tornado um desafio. Além de ser abordado por pedintes em quase todos os semáforos, motoristas e pedestres têm sofrido com a onda de assaltos e furtos no município. Conforme a Gazeta mostrou esta semana, quatro pessoas foram assaltadas em menos de sete horas em ruas e avenidas de Rio Preto.
Usuários de entorpecentes tornaram o viaduto João Mesquita e também um posto de combustíveis abandonado da avenida Philadelpho Gouveia Neto, verdadeiras cracolândias. Guardas Municipais e também a Polícia Militar realizam ações constantes de retirada dos moradores dos espaços, entretanto, eles voltam a ocupar os locais.
Segundo dados da Secretaria de Assistência Social de Rio Preto, o número de moradores em situação de rua e população flutuante – que são os que passam pela cidade, aumentou de 750 no ano de 2021 para 784 no ano de 2022. Nos últimos quatro anos o município afirma que este número tem diminuído, sendo que em 2019 a cidade possuía 847 pessoas nestas condições e em 2020 este número caiu para 809 moradores.
Um problema que a cidade enfrenta é a quantidade de pessoas que vêm de outras cidades para viver nas ruas de Rio Preto. Até o último levantamento, realizado em setembro do ano passado, eram 242 pessoas, que muitas das vezes passam pela cidade e acabam ficando pelas ruas.
João (nome fictício), tem 23 anos e veio da cidade de Curvelo, no estado de Minas Gerais, para morar nas ruas de Rio Preto. Ele é usuário de crack e afirma que em Rio Preto é mais fácil para conseguir dinheiro.
“Aqui as pessoas dão dinheiro mais facilmente. Lá onde eu morava era uma cidade pequena e eu não conseguia sustentar meu vício”, explica.
Questionado como veio parar em Rio Preto, o rapaz afirma que veio de carona com amigos. “Lá eu até cheguei a trabalhar alguns meses registrado, mas meu patrão me demitiu porque meu vício falava mais alto. Eu até penso em sair das ruas, mas na rua a vida é mais fácil e eu posso usar minha pedra (crack) todos os dias”, fala.
Para tentar diminuir estes números, a Secretaria de Assistência Social possui o chamado Centro de Referência Especializado para População em Situação de Rua (Centro POP), que, em dezembro do ano passado, ampliou o horário de atendimento, passando a funcionar das 8h às 20h, com a oferta de refeições noturnas. Segundo o município, a equipe do Serviço de Abordagem Social do Centro POP, em parceria com a Comunidade Só Por Hoje, realiza semanalmente, inclusive aos fins de semana, a abordagem às pessoas em situação de rua que transitam na região central e demais territórios, para oferta dos serviços e sensibilização para a saída das ruas.
“A abordagem social tem o objetivo de sensibilizar e orientar o público para a saída das ruas e encaminhamento aos acolhimentos e rede parceira. Dentre os serviços ofertados pelo Centro POP estão: Alimentação – com a distribuição de tíquetes para retirada de alimentação no Restaurante Bom Prato; Espaço para higiene pessoal; Bagageiro; Lavagem de roupa; Atendimento psicossocial; Identificação e localização da família; Encaminhamento para benefícios; Encaminhamento para o balcão de emprego; Encaminhamentos para outras políticas públicas; Encaminhamento às Unidades de Saúde – para tratar dependência de álcool e outras drogas; e Encaminhamento para o serviço de acolhimento do município”, diz a Secretaria em nota.
Segundo o comandante da Guarda Municipal da cidade, Alexandre Montenegro, após as ações realizadas, o tráfico se pulverizou por vários pontos da área central. “A gente percebe que eles acabam migrando de local para local, então a Guarda, dentro da sua atribuição, tem feito esse trabalho conforme denúncia. Nós já temos monitorado estes pontos e estamos realizando ações incisivas para tentar coibir essa prática do comércio de drogas”, explica.
A Gazeta questionou a Polícia Militar sobre quais ações têm sido desenvolvidas para tentar coibir a venda de drogas nas áreas centrais da cidade e a corporação informou que tem intensificado a fiscalização com aumento de efetivo, com a Cavalaria e também o Canil nas ruas.
DADOS PESSOAS EM SITUAÇÃO DE RUA – ÚLTIMOS 4 ANOS
TRIMESTRAL OUT – DEZ 2019
PESSOAS EM SITUAÇÃO DE RUA: 411
FLUTUANTES: 436
TOTAL: 847
TRIMESTRAL OUT – DEZ 2020
PESSOAS EM SITUAÇÃO DE RUA: 479
FLUTUANTES: 330
TOTAL: 809
TRIMESTRAL OUT – DEZ 2021
PESSOAS EM SITUAÇÃO DE RUA: 280
FLUTUANTES: 470
TOTAL: 750
SETEMBRO 2022 (última atualização)
PESSOAS EM SITUAÇÃO DE RUA: 539
FLUTUANTES: 245
TOTAL: 784