Apontado como um dos principais jogos da fase de grupos da Copa do Mundo, o clássico ibérico entre Portugal e Espanha, nesta sexta-feira, no estádio Fisht, em Sochi, foi, de longe, a melhor partida entre as quatro disputadas até aqui na Copa do Mundo da Rússia.
Com grande atuação de Cristiano Ronaldo, que marcou três gols, e com Diego Costa decisivo, a partida válida pelo Grupo B terminou com um empate por 3 a 3.
O show do craque português foi um presente merecido para os quase 44 mil torcedores que pagaram para ver a partida. O tão esperado clima de Copa do Mundo, praticamente ausente das ruas de Sochi, foi fartamente encontrado nas arquibancadas do estádio. Mais retraído, o torcedor russo viu uma festa colorida com cânticos, gritos efusivos e apupos por parte de espanhóis e portugueses. O estádio pulsou. Em dois momentos, teve até a tradicional “ola”.
O ambiente de jogo pode ser percebido antes mesmo do apito inicial. Quando o locutor oficial da partida anunciou as escalações, houve um misto de vaias e aplausos a Sergio Ramos e muita deferência a Iniesta. Um único jogador foi ovacionado: Cristiano Ronaldo. Eleito o melhor do mundo pela quinta vez na última temporada, ele era desde sempre a grande atração da partida. Logo provou que todos tinham razão em querer vê-lo em ação.
O craque do Real Madrid foi o grande responsável por guiar os atuais campeões europeus diante da temida Espanha. Fez isso com pedaladas curtas e eficientes – como a que originaria o pênalti que sofreu, logo aos 4 minutos -, passes precisos e lançamentos quase perfeitos. Era praticamente o único capaz de fazer o torcedor russo levantar na arquibancada quando dava as suas arrancadas. E o maior artilheiro da história da seleção portuguesa não decepcionou nesse quesito, marcando três vezes – na segunda delas, contou com ajuda providencial do goleiro De Gea, que falhou em chute aparentemente fácil.
O problema é que Cristiano Ronaldo também é o único jogador fora de série em uma seleção com, no máximo, bons jogadores. E a Espanha, a despeito de todo o turbilhão que enfrentou nos bastidores nos últimos dias com a demissão de Julen Lopetegui do comando técnico, é um time mais coeso e qualificado.
Os campeões do mundo de 2010 dominaram a maior parte da partida. O “veterano” Iniesta demonstrou que segue jogando o fino da bola David Silva levou medo à frente da área portuguesa e o novato Isco mostrou que, se lhe derem espaço, ele encontra o caminho do gol – um chute que sacudiu a baliza no primeiro tempo foi a melhor demonstração disso.
Na “Fúria”, porém, ninguém exigiu mais da defesa de Portugal do que o brasileiro naturalizado espanhol Diego Costa. Se fracassou na Copa do Mundo de 2014, quando passou em branco, desta vez ele não decepcionou. Ainda no primeiro tempo, ganhou de Pepe pelo alto, tirou três zagueiros para dançar em frente à área e marcou o seu primeiro gol em Mundiais. No segundo, concluiu para a rede de dentro da pequena área para empatar a partida.
Nacho, em um lindo chute de fora da área aos 12 minutos, colocou os espanhóis pela primeira vez na frente no placar. Mas a campeã mundial de 2010 não esperava que Cristiano Ronaldo aparecesse novamente. Quase no final, aos 42, o atacante português sofreu falta de Piqué na entrada da área, pelo lado direito, e se preparou muito para a cobrança. Com precisão, mandou a bola pelo lado de fora da barreira – Busquets quase a alcançou de cabeça – e a viu entrar no ângulo esquerdo alto de De Gea, que nem foi para a defesa e só ficou olhando.
Ao final da partida, jogadores espanhóis e portugueses se abraçaram dentro de campo. Nas arquibancadas, houve muitos aplausos e festa dos dois lados. O grande duelo e a bonita festa deixaram claro que a Copa do Mundo, finalmente, começou.