sábado, 23 de novembro de 2024
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Covid: Rio Preto lidera ranking nacional de acidentes de trabalho

Rio Preto é a cidade com mais afastamentos do trabalho pela Covid-19 em todo País. Os dados são do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) relativos ao terceiro trimestre de…

Rio Preto é a cidade com mais afastamentos do trabalho pela Covid-19 em todo País. Os dados são do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) relativos ao terceiro trimestre de 2020. Desde abril do ano passado, o afastamento pela Covid é considerado acidente de trabalho, de acordo com entendimento do Supremo Tribunal Federal (STF).

Com 465 mil habitantes, a cidade registrou 1.260 afastamentos profissionais por covid-19 entre julho e setembro de 2020. Todos os afastamentos estão relacionados de alguma maneira a categorias ligadas à saúde – entre eles, 472 técnicos de enfermagem e 134 enfermeiros. O número em Rio Preto é quase o triplo do da capital paulista, onde houve 487 registros de acidente de trabalho pela doença no período.

Somente no terceiro trimestre, a cidade teve 19.554 registros de Covid-19. Ou seja, 6,4% dos infectados pela doença foram afastados do trabalho, patamar que só é menor que um dos dez municípios com mais acidentes de trabalho pela doença – a gaúcha Três Passos, em que os acidentes envolvendo o novo coronavírus (328) representaram 49% dos casos da cidade de julho a setembro e todos eles ocorreram com funcionários que trabalham no abate de animais de um frigorífico na localidade.

Desde o início da pandemia, 46.329 pessoas testaram positivo para a doença em Rio Preto, que registra também 1.071 mortes para doença.

Segundo o SindHosp (que reúne hospitais e outros estabelecimentos de saúde do Estado de São Paulo), o número de Rio Preto surpreende. A entidade afirma que não recebeu nenhuma informação ou reclamação sobre acidentes de trabalho por coronavírus no município.

Sem contar os casos por novo coronavírus, houve 951 acidentes de trabalho registrados na cidade no terceiro trimestre do ano passado, número idêntico ao do mesmo período em 2019.

No Brasil todo, a Covid-19 respondeu por um em cada dez acidentes de trabalho no país no terceiro trimestre em 2020. A doença afastou 10,8 mil trabalhadores de julho a setembro, aumento de 246% em relação aos três meses anteriores.

A disparada de acidentes de trabalho reflete o aumento de casos de Covid-19 no país: 3,4 milhões de registros da doença no terceiro trimestre, 143% mais que no período de abril, segundo os dados obtidos pelo consórcio de veículos de imprensa com as secretarias estaduais de Saúde.

Os afastamentos têm dois eixos principais. O mais importante, e óbvio, são os profissionais de saúde, especialmente enfermeiros, auxiliares e técnicos de enfermagem. O segundo é formado por pessoal que trabalha em frigoríficos, especialmente em cidades menores do interior.

Os trabalhadores de atendimento hospitalar representaram 57% do total de acidentes de trabalho pela doença no terceiro trimestre, ou 6,2 mil. A principal categoria afetada é a de técnicos de enfermagem, com 2,8 mil profissionais afastados.

A incidência maior de profissionais como enfermeiros, auxiliares e técnicos de enfermagem nos afastamentos por Covid-19 ajuda a explicar por que a maior parte dos acidentes de trabalho pela doença envolveu mulheres (73%, ante 27% de homens). Essas categorias tinham participação feminina superior a 80% em 2019, de acordo com a Rais (base de dados que contabiliza os trabalhadores celetistas e estatutários). No geral, 65% dos afastamentos no terceiro trimestre do ano passado foram com homens, e 35%, com mulheres.

O outro núcleo de destaque nos acidentes de trabalho relacionados envolve os profissionais de frigoríficos. Foram 574 afastados que trabalhavam no abate de suínos, aves e pequenos animais, praticamente a totalidade nos municípios gaúchos de Três Passos e Garibaldi.

Benefícios
Nem todo o acidente de trabalho vira benefício pago pelo INSS, só quando o afastamento é superior a 15 dias. E o próprio órgão alerta que, ainda que todo afastamento deva ser informado pelas empresas, é possível que acidentes com menos de 15 dias ou comunicados feitos ainda em papel não estejam contemplados no seu levantamento trimestral.

Ainda segundo o INSS, os benefícios envolvendo acidentes de trabalho são muito baixos em relação ao total pago mensalmente pelo organismo. Por mês, o INSS paga cerca de R$ 60 bilhões em benefícios, e os pagamentos relacionados a acidente de trabalho representam cerca de 1,5% a 2% deste total.

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