João Carlos Rodovalho terá que adiar o desafio marcado para abril, quando pretendia escalar o Monte Everest, na fronteira entre Nepal e Tibete (China) .O atleta goiano, que não tem a perna esquerda, nem parte do pulmão esquerdo, revelou em entrevista à Agência Brasil em fevereiro que desejava alcançar os 5.364 metros do acampamento-base da montanha de maior altitude no planeta (8.848 metros). Mas, o surto do novo coronavírus (Covid-19) fez com que o visto de entrada dele no Nepal fosse negado.
O ministro do Turismo do país asiático, Yogesh Bhattarai, informou que as expedições a todos os picos na temporada de primavera (março a maio) foram suspensas. O Nepal (que, por enquanto, confirmou somente um caso de covid-19) tem oito das 14 montanhas mais altas do mundo, e arrecada mais de R$ 21 milhões com permissões para alpinistas. A China, onde o surto teve início, já havia anunciado o fechamento de seu lado da montanha.
“É totalmente compreensível neste momento que alguns países estejam fechando suas fronteiras para conter o avanço do coronavírus. Infelizmente, o mês de abril e a temporada da primavera no hemisfério norte são as melhores épocas do ano para subir o Everest. Porém, não vou desistir do meu objetivo e, brevemente, quando a situação de emergência passar, cumprirei mais este desafio que tem um significado especial para mim”, disse João Saci, como é conhecido.
O brasileiro, que perdeu a perna e parte do pulmão devido a cinco cânceres (sarcomas de Ewing), deseja repetir feitos de outros alpinistas com deficiência. Em 2006, o neozelandês Mark Inglis, que teve as duas pernas congeladas durante uma escalada em 1982, chegou ao topo do Everest usando somente próteses. Em 2018, o chinês Xia Boyu, amputado das duas pernas por causa de um câncer em 1996, alcançou o cume do monte aos 69 anos.
É apenas a segunda vez, nos últimos anos, que o Nepal interrompe a temporada de alpinismo. Há cinco anos, o terremoto que atingiu o país em 25 de abril e vitimou cerca de nove mil pessoas, levou as expedições a serem suspensas.