O cover do cantor Roberto Carlos e ex-candidato a deputado estadual em São Paulo, José Luiz Bonito, também conhecido como Roberto Boni, foi condenado a pagar uma indenização por danos morais à jornalista Miriam Leitão, da Rede Globo. Na sentença, obtida pelo g1 nesta quarta-feira (15), a Justiça determinou que o homem pague R$ 15 mil à profissional após ofendê-la na internet. Ele pode recorrer.
A decisão é da juíza Barbara Donadio Antunes Chinen, da 3ª Vara do Foro de Registro, no interior de São Paulo. De acordo com a sentença, Roberto Boni é acusado de ofender a jornalista publicamente, em um vídeo publicado no canal dele no YouTube, o Canal Universo, em outubro de 2018.
Boni chegou a ser condenado à dois anos e seis meses de detenção, mas a pena acabou convertida na restrição de direitos. Desta forma, ele terá de pagar, além da indenização, cinco salários mínimos, que têm valor de aproximadamente R$ 6.500, em prestações pecuniárias [à vítima], taxa judiciária – não especificada – e prestar serviços à comunidade.
Segundo descrito no documento, Boni teria dito que a jornalista faz jus ao nome Leitão. Ele a chamou de terrorista, presa, assaltante do Banespa no Iguatemi, em São Paulo, e disse que ela estava com uma arma, assaltando um banco.
Ao g1, nesta terça-feira (14), Roberto Boni afirmou ser “vítima de notícias equivocadas”, em relação ao próprio discurso, quando falou sobre o suposto envolvimento de Miriam no crime. Segundo ele, o assalto ocorreu, mas a jornalista não fazia parte e ele só veio saber depois.
Segundo a sentença, Miriam esclareceu, durante uma audiência, que nunca praticou nem praticaria um roubo, que nunca segurou uma arma de fogo e que, na época do crime, ela tinha 14 ou 15 anos, morava no interior de Minas Gerais e nunca estivera em São Paulo.
Miriam Leitão nunca assaltou banco
O tema comentado por Roberto Boni sobre o suposto envolvimento da jornalista no crime em São Paulo, inclusive, foi apontado como falso pelo Fato ou Fake, serviço da Rede Globo que checa a veracidade de conteúdos suspeitos.
Em 2018, a foto da ficha criminal de Miriam Leitão circulou nas redes sociais com a mensagem falsa, indicando a participação dela no assalto, a mesma replicada pelo cover de Roberto Carlos em vídeo.
Conforme apurado pelo Fato ou Fake, Miriam Leitão nunca foi presa ou processada por roubo a mão armada, nem participou do assalto mencionado pelo cover de Roberto Carlos. O crime na capital aconteceu em outubro de 1968, na agência do Banespa na Rua Iguatemi, em São Paulo.
A jornalista só foi presa quatro anos depois, em 1972, no 38º Batalhão de Infantaria em Vila Velha, no Espírito Santo, por razões políticas. Jamais foi acusada de ação armada. Nesta época, ela já estava com 19 anos e tinha se mudado para Vitória.
A foto em questão, inclusive, foi publicada no livro “Em nome dos pais”, escrito pelo filho da jornalista Matheus Leitão. Segundo o Fato ou Fake, Miriam foi processada por militar no PCdoB, partido clandestino na época, adepto da guerrilha no campo, mas que não realizou assaltos a bancos nas cidades. Ela foi absolvida.
Quem é Roberto Boni e o que ele diz
José Luiz Bonito, também conhecido como Roberto Boni, é cover do cantor Roberto Carlos. No ano passado, ele disputou a eleição para deputado estadual de São Paulo pelo Partido da Mulher Brasileira (PMB), mas não foi eleito.
Ao g1, Roberto Boni afirmou que é vítima de notícias equivocadas. Ele disse que citou a jornalista apenas uma única vez, em seis anos como noticiarista no Canal Universo.
Boni falo que a informação equivocada [sobre a suposta participação dela no crime] foi encontrada nas redes sociais. Ele disse que deixou de noticiar sobre política desde 13 de dezembro de 2022, justamente por não haver atualmente no Brasil uma fonte que não se equivoque.
Ainda de acordo com ele, o assalto ocorreu, mas a jornalista não fazia parte e veio saber isso apenas depois. Por fim, disse que vê essa situação de forma lamentável.