Voos com passageiros provenientes de áreas afetadas pelo coronavírus estão sendo vistoriados por equipes da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) no Aeroporto Internacional de Guarulhos (Cumbica), na Grande São Paulo. No Brasil, são nove casos suspeitos da doença.
Um dos voos examinados hoje (30) foi o proveniente de Pequim, com escala em Madri, da Air China, que pousou por volta das 16h em Cumbica. Nenhum dos passageiros foi enquadrado no critério de caso suspeito, definido pelo Ministério da Saúde.
“A gente questiona a tripulação se houve algum caso relatado, se existe algum passageiro que relatou algum sintoma de febre, ou algum sintoma gripal, ou que manifestou que está vindo dessa área [afetada pelo coronavírus], para que a gente possa tomar alguma outra ação e fazer uma entrevista direta com esse passageiro”, disse a chefe do posto da Anvisa do Aeroporto de Guarulhos, Elisa Boccia.
A Anvisa ainda verifica se as companhias aéreas estão emitindo, dentro dos aviões que pousam no aeroporto, as mensagens sonoras de alerta sobre a transmissão do coronavírus e de medidas de higiene. Além disso, os agentes fazem um novo controle no momento do desembarque.
“O desembarque começa a acontecer e a gente fica na saída desses passageiros observando. Os agentes podem eventualmente abordar um ou outro passageiro que manifeste algum sintoma”, ressaltou Boccia.
Se um passageiro é enquadrado no critério de caso suspeito do Ministério da Saúde, ele é levado para o posto médico do aeroporto para uma nova análise, e poderá ser encaminhado para um hospital de referência, caso necessário. “Identificado alguém com sintomas que encaixem na definição de quadro suspeito, a primeira coisa é colocar máscara nesse indivíduo, fazer a remoção dele para o posto médico, certificar os sintomas, e fazer uma avaliação clínica dele aqui no aeroporto. Caso se confirme que está enquadrado como um caso suspeito, vamos encaminhá-lo para a rede dos hospitais de referência determinados pelo governo do estado de São Paulo”, destacou Boccia.
Kelvin Zhang, um estudante morador de São Paulo, estava em Pequim e chegou hoje na capital paulista no voo da Air China. Ele contou que passou por triagens tanto na cidade da partida quanto em Madri, onde a aeronave fez uma escala.
“De Pequim para cá, fizeram teste para saber se eu tinha febre, e questionaram se fui para Wuhan, a cidade onde começou a doença. Aqui no pouso, fizeram um anúncio falando para lavar a mão com água e sabão. Também disseram que, quem tiver com tosse ou febre até 14 dias depois da viagem da China, tinha que ir para o hospital”.
José Alves Vila Real, preparador físico de um time de futebol da China, também desembarcou no mesmo voo. Segundo ele, a equipe em que trabalha o orientou a voltar ao Brasil até que o momento mais agudo da contaminação seja superado.
“Minha equipe pediu para eu voltar para o Brasil para a gente ficar aqui, esperar passar esse momento. Na China, todo mundo está sendo avisado o tempo todo, é muita organização. Nas cidades, parece um feriado, todo mundo em suas casas, tomando todas as precauções, porque o ritmo da contaminação está muito rápido na região de Wuhan. No voo, todo mundo estava usando máscara”.
Histórico
Os coronavírus são conhecidos desde meados dos anos 1960 e já estiveram associados a outros episódios de alerta internacional nos últimos anos. Em 2002, uma variante gerou um surto de síndrome respiratória aguda grave (Sars) que também teve início na China e atingiu mais de 8 mil pessoas. Em 2012, um novo coronavírus causou uma síndrome respiratória no Oriente Médio que foi chamada de Mers.
A atual transmissão foi identificada em 7 de janeiro. O escritório da Organização Mundial de Saúde (OMS) na China buscava respostas para casos de uma pneumonia de etiologia até então desconhecida que afetava moradores na cidade de Wuhan. No dia 11 de janeiro foi apontado um mercado de frutos do mar como o local de origem da transmissão. O espaço foi fechado pelo governo chinês.