O Comitê de Política Monetária (Copom) reúne-se hoje (4) e manhã para decidir sobre a taxa básica de juros, a Selic (Sistema Eletrônico de Liquidação e Custódia). A taxa, que está atualmente em 11,25% ao ano, indica quanto o governo paga em juros pelos títulos que emite regularmente para refinanciar sua dívida.
Para decidir o patamar da taxa básica de juros, o Copom leva em consideração diversos fatores, entre eles, a previsão da inflação futura e as tendências momentâneas de queda ou elevação dos preços da economia. O comitê também avalia o cenário externo para tomar a decisão.
No último Relatório de Inflação, o Banco Central mostrou preocupação com a possiblidade de inflação gerada pelo aquecimento da atividade econômica e aumento da demanda (procura por produtos). Com esse aquecimento há o temor de que o aumento de preços ocorra de forma disseminada.
Para a economista da Tendências Consultoria, Marcela Prada, ainda há um cenário de incerteza quanto à inflação, por isso é provável que o Copom mantenha a Selic em 11,25% ao ano. Apesar da redução da pressão de produtos agrícolas sobre a inflação e de queda na cotação do dólar (as mudanças do câmbio afetam os preços dos bens influenciados pela cotação
do dólar), os indicadores ainda mostram a atividade econômica em aquecimento. “O Banco Central tem se preocupado com isso”.
A expectativa da consultora é que a redução da Selic ocorra somente nas duas últimas reuniões do Copom, com cortes de 0,25 ponto percentual, fechando 2008 em 10,75% ao ano. Essa previsão é diferente da perspectiva de analistas de mercado consultados semanalmente para a elaboração do boletim Focus, publicação do Banco Central com base em projeções de 100 instituições financeiras sobre os principais indicadores da economia. Há seis semanas, os analistas consultados esperam pela manutenção da Selic em 11,25% até o final de 2008.
De acordo com Marcela Prada, a redução dos juros no final deste ano pode ser possível levando-se em consideração a perspectiva de que a inflação em 2009 será menor. Para 2008, a projeção da consultora é de uma inflação de 4,6%, acima do centro da meta do governo para o ano de 4,5%. Em 2009, esse percentual recuaria para 4,3%.
O economista chefe do banco WestLB , Roberto Padovani, também esperava por dois cortes da Selic de 0,25 ponto percentual no final do ano. “Agora, temos um cenário de alto risco inflacionário. Podemos ter novos choques como no ano passado, com o leite e a carne. Caso isso se repita neste ano, não tem como acomodar a inflação”. De acordo com ele,
esse cenário se deve a três fatores: a economia operando próximo do potencial, inflação próxima do centro da meta e alta do preço de commodities (produtos agrícolas e semi-manufaturadas negociados em bolsas de mercadorias).