Muitos brasileiros estão faturando com a Copa do Mundo. São tradutores, agentes de viagem e empresários que montaram os seus próprios empreendimentos e surfam na alta dos negócios.
Os anos de socialismo, com apoio estatal em praticamente todas as áreas, inibiram a iniciativa dos russos como empreendedores. Com isso, outras nacionalidades estão preenchendo esse espaço. A Rússia virou a terra das oportunidades para eles.
O tradutor Geisiel Moreira foi para a Rússia para estudar teatro. O projeto não deu certo, mas ele gostou da língua. Hoje, ele estuda na Primeira Faculdade de Medicina de Moscou e trabalha como professor particular da língua portuguesa para estrangeiros, faz traduções escritas e é tradutor acompanhante em eventos. Seu trabalho atual daria inveja a muito torcedor: foi contratado pela CBF para auxiliar a seleção com tradução e logística durante a Copa. “Eu não sabia, pois a contratação foi conduzida pelo consulado. Eu fiquei emocionado quando soube que ia trabalhar com a seleção durante a Copa”, disse.
Há quatro anos, o empresário Henrique Bordallo se casou com uma russa. Em seus primeiros dias no novo país, ele obviamente recebeu um “tratamento vip” para conhecer o local onde viveria, vivenciar a cultura e os costumes de cada região. Foi essa ideia de acolhimento aos recém-chegados que ele adotou ao montar uma agência de viagens com foco nos turistas brasileiros. Isso aconteceu há quatro anos.
Hoje ele atende turistas e o mercado corporativo. Recebe cerca de 500 brasileiros por ano, mas a expectativa é dobrar de tamanho após a Copa do Mundo. Ao longo da semana, ele estava preocupado com a chegada do cantor Gilberto Gil. “A Copa vai ser muito importante para mostrar o outro lado da Rússia, um lado amigável e que gosta de receber os turistas”, disse Henrique Bordallo.
Depois de morar na Itália, Aron Lobo começou o seu negócio com uma cafeteria em Moscou. Aos poucos, começou a atender festas e empresas. O negócio se transformou no primeiro restaurante brasileiro da capital russa. E já existem planos de abrir outras unidades.
O seu maior desafio é reproduzir os sabores, pois ele não encontra todos os ingredientes. Mandioca, por exemplo, só quando os amigos levam. Com isso, ele tem de usar farinha de rosca e sêmola. Sua equipe de cozinheiros é formada por russos. “A gente precisa usar a criatividade para reproduzir alguns sabores”, afirmou. Um dos diferenciais do restaurante é a coxinha, comum no Brasil, mas raríssima em Moscou. O sabor, a textura e a consistência são idênticas à brasileira – a reportagem comprovou.