Vôo Gol 1907
Os controladores de vôo que trabalhavam no dia do acidente com o Boeing da Gol só serão ouvidos pela Polícia Federal depois do dia 13 de novembro. A informação foi divulgada pelo delegado federal, Renato Sayão, que investiga os responsáveis pela tragédia do dia 29 de setembro. Os dez profissionais das torres de Brasília, Manaus e São José dos Campos faltaram à audiência da PF nesta segunda-feira. Todos eles apresentaram atestados médicos do Hospital da Aeronáutica, alegando falta de condições psicológicas para prestar o depoimento por 15 dias. Os controladores estão afastados para um tratamento psiquiátrico desde o acidente, que deixou 154 mortos. De acordo com o presidente do Sindicato Nacional dos Controladores de Tráfego Aéreo, Jorge Botelho, todos os profissionais da área estão abalados com a tragédia. Botelho explica que a categoria trabalha em regime de estrita segurança desde a última sexta-feira. Antes, os controladores liberavam vôos de cinco em cinco minutos. Com a medida, as decolagens foram espaçadas em dez minutos. A medida tem provocado freqüentes atrasos nos principais aeroportos do país. O presidente do sindicato destaca que os funcionários controlavam mais aviões do que o recomendável, para suprir a falta de profissionais na área. Entretanto, a decisão do sindicato foi tomada para preservar os controladores da sobrecarga de trabalho e, com isso, diminuir o risco de acidentes aéreos.
O acidente do avião da Gol foi um divisor de águas. Com aquele acidente, muitos de nós, muitos controladores, esteve muito próximo, viu como é real a responsabilidade que ele carrega. (…) Se o recomendado é um determinado número de aviões por setor, por que eu vou controlar um número maior, se isso acarreta no comprometimento da segurança. (…) Então a população tem que entender que isso não é uma medida represália.
De acordo com Botelho, os atrasos serão ainda maiores nesta quarta-feira, devido ao aumento de viagens na véspera do feriado. O delegado da PF voltou para o Mato Grosso onde espera a autorização da Justiça para obter as informações da Aeronáutica sobre as causas do acidente.
