O Conselho Deliberativo do Palmeiras se reúne na noite desta quinta-feira, 1, para votar uma possível punição ao ex-presidente Paulo Nobre e ao ex-vice Genaro Marino Neto. Os dois podem receber sanções após serem alvos de uma sindicância interna sobre a participação no ano passado na intermediação entre o clube e a empresa Blackstar, candidata na época a pagar R$ 1 bilhão à vista por um contrato de patrocínio master.
Os conselheiros presentes à reunião vão decidir por maioria simples se o relatório da sindicância deve aplicar a suspensão de um ano a Genaro Marino Neto e a advertência para Paulo Nobre e outros dois conselheiros, Ricardo Galassi e José Carlos Tomaselli. Esses dois nomes, assim como Genaro, formavam a chapa de oposição na eleição presidencial do Palmeiras no ano passado. A disputa reelegeu Mauricio Galiotte para mais três anos no cargo.
A votação dividiu bastante os bastidores do Palmeiras nos últimos dias. Membros da situação chegaram a se reunir na última segunda-feira em uma pizzaria para reforçar a postura de votar a favor das punições. Os opositores estão irritados com a sindicância por considerarem se tratar de uma perseguição política aos adversários.
O caso Blackstar causou polêmica no clube na reta final da disputa eleitoral, em novembro passado. Maurício Galiotte defendia a renovação de contrato de patrocínio com a Crefisa, enquanto que Genaro Marino Neto protocolou dias antes da eleição a proposta de patrocínio da empresa do ramo de energia e bioenergia. Depois de já reeleito, Galiotte vetou a aproximação com Blackstar e afirmou que a empresa apresentou documentos e garantias bancárias falsas.
“Neste momento, o Palmeiras encerra qualquer tipo de diálogo, por total falta de credibilidade. O Palmeiras foi buscar junto ao banco. Acabamos de receber uma carta do banco HSBC dizendo que os documentos apresentados ao Palmeiras são falsos”, afirmou o presidente ao canal SporTV em dezembro do ano passado.
O final da negociação levou um grupo de cinco conselheiros de situação a questionar a apresentação da proposta da Blackstar feita pelo grupo político de Genaro Marino Neto e Paulo Nobre e pediram a montagem de uma sindicância. Em dezembro foram colhidas mais de 50 assinaturas e o trabalho de apuração teve início. O relatório ficou pronto e será votado na noite desta quinta-feira.
Segundo o presidente do Conselho Deliberativo do Palmeiras, Seraphim Del Grande, o caso é delicado porque se configurou em uma manobra eleitoral antes da eleição. “Houve o trabalho de sindicância pela maneira sobre como foi colocada a proposta da Blackstar, que foi divulgada sem ter o cuidado de analisar. Foi constatado que dois dias antes da eleição divulgar isso para se aproveitar politicamente da situação. Isso poderia colocar em risco o patrocínio com a Crefisa, que já estava certo”, disse ao Estado.
O trabalho de sindicância recebe críticas da oposição principalmente por ter sido liderado pelos mesmos conselheiros autores do requerimento inicial de investigação. “Isso não tem problema. Quem vai julgar não são os que participaram do relatório. Quem vai julgar será o Conselho”, disse. Na votação desta quinta, há a possibilidade dos presentes proporem ainda outro tipo de punição aos envolvidos.
AFASTAMENTO – De acordo com pessoas próximas, Paulo Nobre se decepcionou muito com a sindicância e pretende até mesmo pedir renúncia do cargo de conselheiro. O ex-presidente deixou o comando do clube no final de 2016, não quis prestar depoimento para o trabalho de apuração do caso Blackstar nem deve comparecer à votação da noite desta quinta-feira.