“Ei, ei, vocês se lembram da minha voz ? A minha voz continua a mesma mas os meus cabelos, quanta diferença!!”. Essa frase fez parte de uma campanha publicitária de uma marca de shampoo da década de 70, que ficou muito conhecida no país. A garota propaganda, na época, fazia alusão a um produto que prometia deixar o cabelo natural. Tempos se passaram e essa frase nunca fez tanto sentido como agora. Saiba porque!
A palavra de ordem entre as mulheres que buscam estar na moda é “Transição Capilar”, trata-se do processo de devolver aos cabelos a textura natural, sem química, sem produtos que modificam a estrutra do cabelo, como coloração diferente da raíz ou que alisam os fios.
Durante a pandemia, a ida ao cabelereiro ficou mais difícil, horários reduzidos de atendimento e por muitas vezes fechado ao público por causa dos decretos das prefeitura no combate ao coronavirus, então as mulheres precisaram se adaptar ao novo normal.
Sem os recursos dos cabeleireiros e em busca de produtos menos agressivos, elas se reencontraram na sua beleza natural.
O cabelereiro, Silvio Amaral, viu a mudança acontecer rapidamente, as clientes que antes buscavam transformar os fios agora começaram a pedir dicas de como devolver aos cabelos o aspecto natural deles. Silvio é testemunha do avanço na busca por uma beleza mais natural, inclusive com uso de produtos menos agressivos ao meio ambiente e aos animais.
“Com medo de frequentar o salão de beleza, as mulheres puderam descobrir a beleza de uma nova forma, uma beleza sem tanta produção, a beleza do cabelo natural, sem química”, avalia o profissional. “Os cabelos passaram a secar naturalmente e a mulher descobriu como se encontrar nessa nova beleza que o cabelo dela oferece, afirmou. Silvo diz que sempre orientou as clientes a usar o cabelo na sua forma mais natural.
Os produtos naturais e sem teste em animais também viraram a preferência das clientes. Para Amaral, a exigência por produtos menos agressivos reflete um empoderamento feminino diante do mercado. “Ela começou a selecionar cosméticos que agredissem menos o meio ambiente, com menos componentes químicos pesados”. A pandemia impulsionou as adequações. “Os retoques de cor continuaram sendo feitos, mas os cabelos que estavam totalmente alisados foram substituídos pelos cachos”, afirma o cabelereiro.
Natalia Britto é uma dessas mulheres que se entregou a “Transição Capilar”. Professora de dança, sempre mexeu nos fios, uma hora loira, outra hora morena, uma hora com os fios lisos outra hora com os cachos. E assim foi durante anos, mas agora diz que nunca se sentiu tão satisfeita com o cabelo ao natural. “A Transição Capilar me devolveu não só o meu cabelo natural mas a minha mais autêntica forma como pessoa”, acrescentou ela. Foram 12 meses até conseguir devolver o cabelo ao estado natural. O processo foi acompanhado por um profissional. Natalia agora exibe a madeixa com orgulho. “Durante muito tempo eu quis ter um cabelo que não era meu por causa dos padrões de beleza mas isso agora ficou no passado, me sinto extremamente feliz do jeito que sou”, acrescenta.