sexta, 15 de novembro de 2024
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Concurso para 368 vagas atrai 2,3 milhões de indianos

Um anúncio de 368 vagas de emprego de baixo salário em um governo estadual indiano atraiu 2,3 milhões de interessados (dezenas deles com doutorado), em um sinal do desespero dos…

Um anúncio de 368 vagas de emprego de baixo salário em um governo estadual indiano atraiu 2,3 milhões de interessados (dezenas deles com doutorado), em um sinal do desespero dos jovens do país por um trabalho que lhes traga segurança.
Pelos cálculos das autoridades do Estado de Uttar Pradesh, mesmo se 2.000 candidatos forem entrevistados ao dia, serão necessários até quatro anos para que todos sejam analisados.
Com vagas para profissionais como guarda-noturno e ajudantes de limpeza para a Assembleia Legislativa local o governo de Uttar Pradesh pensava em atrair pessoas com ao menos cinco anos de educação escolar, mas entre os interessados estavam 255 doutores (em áreas como engenharia) e 25 mil mestres.
O salário inicial é de 16 mil rúpias (cerca de R$ 1.000).
A procura sem precedentes mostra como é difícil o mercado de trabalho nas regiões mais pobres do país, apesar de a taxa nacional de desemprego ser inferior a 5%.
Ao se eleger no ano passado, o primeiro-ministro Narendra Modi prometeu criar empregos e, apesar de programas do governo para capacitar profissionais, a realidade é que a Índia tem dificuldades para gerar vagas para os 12 milhões de estudantes que entram no mercado de trabalho todos os anos -sem falar no enorme saldo de desempregados na população de 1,3 bilhão de pessoas.
Economistas e investidores dizem que a maior parte da culpa está nas regras trabalhistas, que não encorajam as contratações pelo setor privado, sem falar nos benefícios concedidos para os funcionários públicos.
Hoje menos de 10% dos 500 milhões de trabalhadores indianos estão no mercado formal -metade destes tem emprego em estatais como a Indian Railways (ferrovias).
Para Surjit Bhalla, presidente do conselho da Oxus Investments (firma de investimento financeiro), a procura de milhões de pessoas por um emprego público mostra “tudo que está errado na Índia: tanto nas leis trabalhistas como no fato de que no funcionalismo você não precisa fazer nada e tem ótimo salário. Você não pode ser demitido, está lá para todo o sempre”.
Raghuram Rajan, presidente do BC indiano, diz que o problema é que o emprego público tem um “alto status” na sociedade indiana, graças à estabilidade e aos benefícios.
Segundo ele, não há atalhos para resolver a questão: o ambiente de negócios precisa ser atrativo para o investimento, para a criação de bom empregos, produtivos no setor privado.

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