segunda, 23 de dezembro de 2024
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Como a ciência explica mulher grávida de quadrigêmeos aos 65 anos

Annegret Raunigk está com 65 anos e prestes a dar à luz quatro bebês. A professora primária alemã está na 21ª semana de gravidez e diz estar se sentindo bastante…

Annegret Raunigk está com 65 anos e prestes a dar à luz quatro bebês. A professora primária alemã está na 21ª semana de gravidez e diz estar se sentindo bastante saudável.

Se a gravidez seguir conforme o esperado, Raunigk será considerada a mulher mais velha a dar à luz quadrigémeos – ela não será, porém, a mulher mais velha a dar à luz, já que esse “recorde” pertence a Maria del Carmen Bousada Lara, que teve gêmeos na Espanha em 2006 aos 66 anos. Alguns ainda dizem que o recorde de mãe mais velha do mundo é de Omkari Panwar – acredita-se que ela tinha 70 anos quando deu à luz gêmeos na Índia em 2008.

Mas como essas gravidezes “de 3ª idade” são possíveis? Entenda os fatores que explicam esses casos:

Óvulos doados
Mulheres que já estão na menopausa não conseguirão mais ficar grávidas sem ajuda médica.

Elas precisarão usar óvulos de uma doadora – ou os próprios óvulos dela congelados – para poderem engravidar. Para mulheres, a fertilidade diminui com a idade, em um ritmo relativamente rápido a partir dos 35 anos – isso varia um pouco de mulher para mulher. Mas tudo depende dos óvulos.

Mulheres já nascem com todos os óvulos que elas terão na vida e, depois do período da puberdade, elas começam a perder um a um, na menstruação.

Quando elas chegam aos 40 anos, a quantidade de óvulos de boa qualidade é cada vez menor.

Hormônios
Antes de receber um óvulo fertilizado de uma doadora, os médicos precisarão confirmar se o útero da mulher está pronto para a tarefa.

As mulheres, nesse caso, podem ser submetidas a uma terapia de estrogênio, para engrossar o revestimento do útero e preparar o ambiente para o embrião.

Uma vez que o óvulo fertilizado é colocado no útero, a mulher precisará tomar mais hormônios para sustentar a gravidez – diferente de mulheres mais jovens, que têm os ovários em pleno funcionamento, as mais velhas não conseguem produzir todos os hormônios de que vão precisar.

A especialista em fertilização do Centro de Fertilização da Mulher de Birmingham, Sue Avery, explica que “o processo é o mesmo utilizado para uma mulher mais jovem que, por alguma razão, precisou retirar os ovários.”

Acompanhamento de perto
Segundo ela, “futuras mamães” que são mais velhas vão precisar de um acompanhamento especial e cuidadoso, porque elas correm mais riscos de ter complicações relacionadas à gravidez, como por exemplo pressão alta ou diabetes gestacional.

No entanto, quando o óvulo vem de uma doadora jovem, isso pode mudar algumas coisas. “Apesar de a grávida ser mais velha, o fato de os óvulos virem de uma mulher jovem faz com que a gravidez seja como a de uma mulher mais jovem, porque tudo tem a ver com hormônios”, explica a especialista.

Um estudo nos Estados Unidos feito com 101 grávidas mais velhas descobriu que o risco de complicações na gravidez para mulheres acima de 50 anos que engravidaram por doação de óvulos era parecido com o risco de mulheres mais novas que engravidaram dessa maneira.

Acima de tudo, isso está ligado ao estado físico da mãe, e não apenas com a idade dela.

Na verdade, o maior fator de risco no caso da gravidez de Raunigks é o número de bebês que ela está carregando, segundo Avery.

Gravidez múltipla – gêmeos, trigêmeos, quadrigêmeos ou mais – são sempre consideradas de maior risco por médicos. Esse tipo de gestação aumenta a possibilidade de parto prematuro, os bebês tem mais chances de nascerem com peso abaixo do normal, e há mais riscos de complicações para a mãe, incluindo pressão alta e pré-eclâmpsia.

Cesária
Grávida de quatro bebês, é muito pouco provável que Raunigk, aos 65 anos, consiga ter parto normal e, provavelmente, ela dará à luz com uma cesariana.

A alemã já é mãe de outras 13 crianças – a mais nova nasceu dez anos atrás.

O médico dela, Kai Hertwig, disse à TV alemã RTL que gestações de quadrigêmeos costumam ser mais tensas, mas garantiu que tudo está indo muito bem para a paciente.

Após o nascimento
Nos primeiros meses, como é o caso com a maioria das mães, Raunigk terá de enfrentar o desafio de conviver com muito cansaço, poucas horas de sono e muitos “cochilos”.

Por causa da sua idade, ela não poderá amamentar os quatro novos bebês que vêm por aí.

Depois, será preciso planejar o futuro deles.

“Se ela tem quatro filhos aos 65 anos, ela logo vai precisar correr atrás de quatro crianças. Boa sorte para ela!”, deseja Sue Avery.

“Mesmo se você está extremamente saudável e em forma, você não tem a mesma energia aos 45 que tinha aos 25. Não vamos nem falar aos 65.”

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